Nuno Campilho
Biografiado Autor

14 Mai 2025 | 06:00

Icon Comentário 0
Nuno Campilho

Num jogo em que a vitória era o único resultado admissível, fizemos tudo ao contrário e tudo aquilo que não podíamos fazer


Num jogo em que a vitória era o único resultado admissível, fizemos tudo ao contrário e tudo aquilo que não podíamos fazer. Tudo que, em bom rigor, até foi apenas uma coisa, se quisermos simplificar… não ganhámos!


Depois de nos vermos obrigados a vencer o Sporting (o que não seria necessário e o resultado obtido continuaria a servir os nossos interesses… caso, só para dar um exemplo recente, não tivéssemos empatado com o Arouca, no período de tempo adicional mínimo, em pleno Estádio da Luz!!!), tínhamos de vencer e nem outro cenário poderia, sequer, ser equacionado.


Posto isto, importa questionar se a equipa, os jogadores, e o treinador fizeram tudo para que isso acontecesse. Ao contrário do que disse atrás, não fizeram tudo, no entanto, não seria justo afirmar que, também, não fizeram nada.

O que é um facto é que o Sporting entra a ganhar e fica ainda mais confortável num jogo para o qual se preparou… para estar confortável.

Treinar o Sporting é do mais básico que já vi no futebol. E já cá ando há uns anos! Coesão defensiva, preenchimento musculado do meio-campo e pontapé para a frente, que o sueco resolve. O que é que o Sporting fez frente ao Benfica? A juntar ao que acabei de escrever, encostou (em formato de Tampax) o Catamo e o Araújo às linhas laterais e retirou vertigem e imprevisibilidade ao futebol ofensivo do Benfica. E sempre que ganhava a denominada segunda bola, fruto da forma atabalhoada com que o Benfica atacava, com perdas de bola excessivas, punha, à vez, o Quaresma e o Inácio (e, até, o Rui Silva) a bombear bolas para o Gyökeres. Isto não tem nada de tático, pelo que o Rui Borges não fez nada de mais. Fez limonada com limões e, de vez em quando, foi fazendo ‘laranjada’ com laranjas. Aliás, se há elogio que lhe possa ser feito, é não ser casmurro (ou burro, é à vossa escolha) e, ao contrário do Anselmi (que se conserve no lugar por muito e mau tempo), abdicou do “seu” modelo de jogo e voltou ao esquema que anda, quase única e exclusivamente, em torno de fazer chegar a bola ao Gyökeres, não interessa como. É bonito? Não… mas dá resultados!

Ao Benfica… a este Benfica e a este modelo de jogo, ainda meio refém do modelo de Roger Schmidt (não é uma crítica, é uma constatação), quando se lhe tira a subida dos laterais, em organização ofensiva e em ataque continuado, retirasse-lhe tudo, pois, para além dos desequilíbrios, é essa subida que permite aos extremos virem para dentro, jogarem entre-linhas e darem opções de passe a um desgastado Kökçü, que, tal como o Pavlidis tem de baixar para procurar a bola, e ainda tem de subir para marcar golos, o turco tem de transportar a bola desde a defesa e ainda tem de tabelar consigo e vir recebê-la de um passe feito por e para si próprio. A propósito de tática e já que o referi atrás a propósito do treinador do Sporting, permitam-me também dar uma de ‘treinador de bancada’. Com a nulidade do jogo entre-linhas que apresentámos, não era de ter feito entrar o Barreiro, para o lugar do Florentino, fixando o Aursnes ao lado do Kökçü (e, assim, sempre saberíamos onde o encontrar em campo) e criando os desequilíbrios na defesa do Sporting que nunca existiram? “Mandar” avançados lá para dentro, só porque sim, frente a três defesas centrais e mais dois médios que acabaram a jogar a laterais e um outro médio que se fazia central com muita frequência (sim, o Sporting chegou a defender com uma linha de 6), deu o resultado que deu (já estou como diz “o outro”, fazer a mesma coisa, à espera de resultados diferentes, é só…).

Sem estes desequilíbrios, sem homens a jogar por dentro, a defesa do Sporting (que, em abono da verdade, esteve bem), jogou “de cadeirinha”, apenas tendo sido objeto de algum abalo quando momentaneamente, durante a primeira-parte, o Di Maria ocupou esse espaço entre-linhas e efetuou dois remates perigosos, ou quando o Pavlidis fez tudo sozinho até passar a bola ao colega quase em cima da linha de golo, ou quando o Belotti conseguiu ganhar as costas do defesa central leonino a atuar sobre a esquerda, no lance que culminou com a bola ao poste. Que mais momentos com estes desequilíbrios e com esta sensação de perigo mais houve? Nenhuma!

Tudo isto é muito pouco para quem não poderia abandonar as quatro-linhas sem a vitória. Tivessem todos a garra do Otamendi (sem prejuízo de alguns erros cometidos, um dos quais lhe poderia ter custado a expulsão ainda com muito tempo para jogar) e o pulmão do Aursnes, e era “quinje a jero”! A propósito do Aursnes,,, coitado!! Ora está ao lado do Pavlidis a pressionar a transição ofensiva do adversário, ora está a médio descaído para a direita para cobrir as debilidades defensivas do Di Maria, ora está a dar linha de passe interior, ora está a romper pela ala, por onde deveria entrar o Tomás Araújo, mas que não podia, pois tinha o seu homónimo colado a ele, ora está a compensar a pouca habilidade de construção do Florentino, ora está a ligar jogo com o Kökçü, ora acaba o jogo a lateral direito. Se algum dia não o conseguirem descobrir em campo, tal e qual o Wally, olhem para a baliza…

E, assim, em 90 minutos, que, já agora, contaram com uma arbitragem medíocre daquele que é, por muitos (de entre outros, menos eu), o melhor árbitro português, esfumou-se a hipótese de sermos campeões. Digo, esfumou-se e, não, perdeu-se, pois, essa perda não é de agora… anda algures entre Rio Maior, a Vila das Aves e Lisboa, dando de barato não recuar assim tanto até Famalicão, ou até Moreira de Cónegos.

Não matámos, morremos! Para o ano há mais e se há algo que nunca morre, é o meu/nosso amor pelo Benfica.

Benfica… SEMPRE!!

+ opinião
+ opinião
Tozé Santos e Sá
Tozé Santos e Sá

Apontamento – Vermelho e Branco - Finalmente o Cavani apareceu

Como os dirigentes, ainda daquela época, estão agarrados a uma boa rábula. Agora é a vez do Félix, do Semedo, do Bernardo, nenhum virá

20 Jun 2025 | 06:00

Icon Comentário0
Tiago Godinho
Tiago Godinho

Benfica no Mundial de Clubes: entre a Glória e a Realidade

Resta-nos esperar que no Mundial consigamos honrar o clube fundado em 1904, atingindo pelo menos a fase a eliminar, o mínimo para quem veste o Manto Sagrado

16 Jun 2025 | 15:07

Icon Comentário0
Tozé Santos e Sá
Tozé Santos e Sá

Apontamento – Vermelho e Branco - A errar há décadas

A posição do Benfica no mercado não é correta e apenas defende os interesses de quem ganha dinheiro com o futebol, sejam dirigentes sejam empresários

13 Jun 2025 | 06:00

Icon Comentário0

envelope SUBSCREVER NEWSLETTER