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A MARCHA DOS DESALINHADOS
Ou, cansado de me darem tanta música, hoje dou eu música a todos
24 Mai 2023, 10:52

Recordo a canção dos Delfins, depois reeditada pelos Resistência, e cujo trecho inicial dedico, na integra, ao capitão do Sporting CP, Sebastián Coates, “Eu não quero estar parado, fico velho, vou marchar até ao fim, isolado, nesta marcha solitária, dou o corpo ao avançar, neste campo aberto ao céu. Ninguém sabe para onde eu vou, ninguém manda em quem eu sou”. Sem dor, nem bloqueio, nem fora de jogo, eu fico aqui sentado.

Como é fácil de depreender, a última frase é uma adaptação que caracteriza um derrotado (que até empatou), o qual (e tantos outros como ele) insiste em nunca aceitar que a realidade estrague uma boa desculpa.

Claro que não abonará muito em meu favor trazer à liça Markus Merk (por todos reconhecido, e sem discussão, como um dos três melhores árbitros mundiais de sempre) e ainda menos abonará a ele, quando comparado com os suprassumos Pinas, Leirós e Coroados desta vida.

Passe a heresia, que espero ver perdoada, esse senhor (referência que a esse, sim, se ajusta) diz umas ‘coisas’ singelas, as quais, essas sim, poderiam esta a ser discutidas (ou não, face à sua evidência, simplicidade e objetividade), a propósito do lance que todos já terão identificado, durante o qual o Coates parece ter levado com um pau (JJ dixit), ou seja, há um contacto de Coates com Florentino, mas é provocado pelo defesa do Sporting. Não há razão para anular o golo, o fora de jogo também não existe, pois a bola encontra-se numa zona fora do raio de ação.

Fora de jogo posicional, bola fora do alcance dos jogadores em luta legitima pela melhor posição e triunfo natural da pressão do ataque sobre o mau posicionamento da defesa. Apenas futebol, portanto.

Para os mais distraídos, o fora de jogo posicional já não existe desde os anos noventa, na mesma altura em que passou a não ser considerado fora de jogo estar em linha com um ou os dois adversários que separam o jogador da linha de golo. A menos – e qual seria o espanto? – que essa regra fosse repescada, para este caso em especial, de utilização única, só porque prejudicaria o Benfica.

Eu, para este peditório, já dei no passado domingo, altura em que tive de entrar no estádio de Alvalade quase duas horas antes de o jogo começar e tive de esperar mais de uma hora para além do seu término, para dele sair. Cinco horas, ao todo, a tentar saber porque é que ‘eles’ não ficam em casa…

A segunda parte afirmativa dos jogadores do Benfica, num acerto tático-coletivo protagonizado por Roger Schmidt e que funcionou quase na perfeição (digo quase, porque não chegou para ganhar) foi a resposta que eu não precisava, para saber porque é que eu não fiquei em casa (já os ‘outros’… enfim… permaneço sem saber… quiçá uma questão de fé… who knows… who cares…).

Posto isto, alinhemos todos, numa marcha, primeiro em direção à Luz (porque ainda temos um jogo para ganhar) e, depois, em direção ao Marquês.

Já que estou num registo pop-rock português, e numa alusão direta àquilo que se pratica, no futebol, deu-me para ‘brincar’ com as palavras das letras de três músicas dos Xutos & Pontapés, ou não fosse o Tim um popular e reconhecido benfiquista (quando tiverem dificuldades em expressar o vosso amor pelo clube – qual Clã, no tema ‘Problema de Expressão’ – façam como ele, “sou do Benfica… porque sou do Benfica”, ou seja, mais natural e lógico não poderia ser), para dedicar ao Senhor Roger Schmidt, e mais que uma onda, mais que uma maré, tentaram prendê-lo, impor-lhe uma fé. Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade que já tinha, da sua alegre casinha, vai quem já nada teme, vai o homem do leme. Esperou as nuvens partirem e a Luz a brilhar e quando as trevas abrirem, o título vai ganhar.

Private Emotion, sábado, dia 27 de maio, a partir das 18h, onde quer que estejamos (mas sabendo porque é que lá estaremos), “every endless night has a dawning day, every darkest sky has a shining ray. As the shadows disapear into the light, and wherever you may find it, and wherever it may lead, let your private emotion come to me”.

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