Nuno Campilho
Biografiado Autor

29 Jan 2025 | 06:00

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Nuno Campilho

O Benfica revela traços de personalidade particularmente acentuados, que entravam o seu desenvolvimento, a abertura a novas ideias e, sobretudo, a sua dinâmica interna


Depois de uma semana alucinante, marcada por duas derrotas, embora em circunstâncias distintas, permitam-me titular este artigo em alusão a um livro do filósofo português, José Gil, porque, tal como Portugal, o Benfica revela traços de personalidade particularmente acentuados, que entravam o seu desenvolvimento, a abertura a novas ideias e, sobretudo, a sua dinâmica interna.


Onde é que eu quero chegar, perguntarão vocês?


Ao âmago do paradigma de destruição de uma boa ideia, pela deficiente prática na sua execução. Continuam baralhados? Passo a explicar.

O Benfica, frente ao Barcelona, demonstrou aquilo que é, hoje. Uma equipa intensa, abnegada, esforçada e que luta, até à exaustão, para almejar o sucesso e disfarçar as graves lacunas do seu modelo de jogo, que é o mesmo que dizer, dos seus traços de personalidade. Tanto lutou e tanta atitude demonstrou, que esteve por um fio (e bem o merecia), de levar de vencido o poderoso Barcelona e só não o conseguiu pela influência externa de um árbitro que recuperou a dupla penalização (ainda que em sentido figurativo) – algo que, como sabem, foi como que banido das leis do futebol – ao não assinalar uma nítida grande penalidade a favor do Benfica e, em sequência, o Barcelona ter marcado o golo da vitória, já para além do tempo de compensação.

Depois disto, já estou como diz o Bruno Lage… como é que é possível fazer este jogo e, depois, perder da forma justa e copiosa como se perdeu, em Rio Maior, frente ao Casa Pia?!

Medo de existir, meus caros e minhas caras! Medo de existir…

Frente ao Barcelona, o Benfica não teve receio de expor as suas fragilidades, bem visíveis na transição ofensiva e defensiva, pois ia sempre “com tudo” para cima do Barcelona e foi tendo uma margem de dois golos à maior durante grande parte do jogo. Já frente ao Casa Pia, dominamos e partimos na frente, nos primeiros 30 minutos e, depois, com o tal medo de existir e de expor fragilidades (a nossa verdadeira face e/ou personalidade), começamos a reduzir o ritmo do jogo e a baixar linhas, como se alguma vez na vida (hoje, ontem ou amanhã) o Benfica soubesse jogar dessa forma. Revelamos uma incapacidade enorme em controlar o jogo em posse e estamos uma lástima na saída de bola e na recuperação defensiva. Como, ao invés de ir “com tudo” para cima do Casa Pia, fomos “com nada”, deixámos a equipa adversária ferir-nos a seu bel-prazer e como bem entendeu, explorando as nossas visíveis fragilidades, que não conseguimos disfarçar com o esforço, a atitude, a abnegação e a intensidade que apresentámos frente aos catalães.

Eu sei que não é fácil automatizar movimentos e implementar rotinas numa equipa que mal treina, mas julgo que não será assim tão difícil ter um médio a descer para sair com a bola para o ataque (vulgo transição ofensiva) e outro a pressionar aquando da saída de bola do adversário (vulgo transição defensiva). O problema talvez esteja nos posicionamentos, ou na característica dos jogadores. Como os posicionamentos só se alcançam com treino, então que se alterem os protagonistas, confiando, q.b., na sorte.

Quero, com isto, dizer que um médio que só contém (Florentino) e outro que só distribui (Kõkçü) pode ser curto, quando o outro médio (eu sei que não parece, mas jogamos com três) mais parece um segundo avançado, pela pressão que exerce sobre a linha defensiva adversária, tentando atrapalhar a sua transição ofensiva (Barreiro e Aursnes à vez). Mas, atenção, o problema não reside neste (até porque faz o que tem que fazer), mas nos outros dois.

Vejamos: se o adversário bloqueia a construção, sobra-nos a contenção e não saímos daquela lateralização andebolística; se o adversário nos bloqueia a contenção, sujeitamo-nos a ser apanhados em contrapé e a sofrer dissabores com isso. Onde é que já vimos isto, não é?

Como não há milagres, nem tempo para treinar, mas até há um novo jogador que reúne ambas as faculdades (contenção e construção), de seu nome Manu Silva, custará assim tanto tentar?

Certamente pior não fica.

E como estou, ainda, um bocado irritado, fico-me por aqui, não sem antes dizer que, sem prejuízo disso, confio numa vitória em Turim, assim confio que estes jogadores e esta equipa técnica can put their money where their mouth is… consistência!!

Menos conversa e mais adesão à realidade, s.f.f. Caso contrário, nunca teremos coragem para deixarmos de ter medo de existir.

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Nuno Campilho
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05 Fev 2025 | 06:00

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