Nuno Campilho
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18 Set 2024 | 06:00

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Nuno Campilho

Mantém-te acordado, Benfica, não voltes a fechar os olhos e a marcar passo, pois não haverá uma segunda oportunidade o tempo, que não há, espere por ti


Há uns bons anos atrás, escrevi um artigo, numa outra publicação e no âmbito de uma outra temática, com este mesmo título.


Título esse que nos remete para um filme de Sofia Coppola, de 2003, protagonizado por Bill Murray e Scarlett Joahansson, que retrata a dificuldade das personagens em serem compreendidas em Tóquio (local onde o filme foi rodado) e que resulta de uma expressão que é utilizada quando a parte cultural de palavras ou frases se perde quando são traduzidas para outras línguas.


Não é que tenha assim tanto a ver, mas ocorreu-me esta analogia a propósito de eu considerar que o Bruno Lage é um treinador que fala a nossa língua. E não é por ser português, até porque eu não sou alemão e rapidamente percebi o que quer dizer gegenpressing. Já o contrário não será tão evidente…

E porque é que o Bruno Lage fala a nossa língua e não é por ser português? Porque, pura e simplesmente, compreende os anseios dos adeptos, não inventa, e adapta a equipa, o seu modelo e o seu 11 àquilo que são as características dos jogadores, procurando deixá-los mais confortáveis nas posições onde eles se sentem… mais confortáveis.

Atento ao que eu aqui escrevi na semana passada e reportando-me ao jogo do passado sábado, lá esteve um único pivot defensivo (Florentino), um médio-centro box-to-box (que, aqui, ao contrário das minhas expetativas – não que eu tenha dito que ele não o possa fazer – até foi o Kökçü e, não o Rollheiser) e um médio mais ofensivo e próximo do ponta-de-lança (Rollheiser), mas que acabou por jogar mais sobre a meia-direita, em apoio próximo ao Di Maria, para que ele não tivesse de se desgastar tanto, sobretudo em tarefas defensivas e de compensação, o que me pareceu muito perspicaz por parte do treinador, e é por isso que está lá ele e não outro qualquer, reconhecendo que o senhor saberá o que está a fazer.

No entanto, como se propaga popularmente, a manta continua a ter o mesmo tamanho e quando se puxa para tapar os pés, destapa-se a cabeça, e vice-versa.

Onde é que eu quero chegar?

A presença do Rollheiser mais próximo do Di Maria tem virtudes que, inclusive, permitiram ao dito fazer o sprint que antecedeu a marcação do seu belo golo (algo que seria próximo do impensável, em qualquer jogo da época passada, no momento e ao minuto que aconteceu), mas afasta-o de um apoio mais próximo ao Pavlidis, debilidade que eu já notava com o Prestianni, sem prejuízo das suas qualidades e prestações, e que prejudica a performance do nosso ponta-de-lança, talhado para concretizar e, não, propriamente, para buscar apoios que estão distantes e que não lhe permitem conquistar o espaço para finalizar ou assistir. Foi de grande abnegação, o contributo do Pavlidis no último jogo, mas o seu futebol e as suas características saem diminuídas nas circunstâncias que acabei de escrever. A ver e a melhorar.

Por outro lado, continuo a detetar algumas debilidades na transição defensiva. Eu não concordava e manifestei-o, com a estratégia do duplo-pivot defensivo, ainda por cima, siamês, mas também não estou muito à vontade com o Florentino a jogar sozinho. Tal e qual o Pavlidis, o Florentino também precisa de apoios próximos, embora por outras razões, o que acabou por se revelar no enorme desgaste físico do Kökçü, o qual, ainda assim, fez um belíssimo jogo. E, aqui, a alegoria da manta atinge o seu auge, porque ter o médio turco a fornecer apoios ao Florentino e, até, a construir entre os centrais, faz com que o caminho a percorrer até zonas onde se sente mais confortável e pode fazer, verdadeiramente, a diferença para melhor, se torne mais extenso e penoso, à medida que o jogo se vai desenrolando, contribuindo para o tal desgaste físico e que, em jogos de maior exigência, podem afetar a concentração e o discernimento. A ver (sobretudo o papel que o Aursnes possa vir a ter neste meio-campo a 1-2, 3, ou 2-1) e a melhorar.

Com isto tudo, ainda não disse que a exibição da equipa me agradou, que a reação àquela infelicidade inicial, ainda que não imediata, também é de louvar, que a vitória (tão ávida e necessária) foi de extrema importância e que, sobretudo, foi um gáudio ver os adeptos, de novo, em comunhão com a equipa. Há gestos/imagens que valem até mais que mil palavras e o apelo ao apoio, por parte do Bruno Lage, julgo, após o golo do empate, assim como o abraço virtual do Di Maria, vociferando JUNTOS, após o quarto golo, têm esse ou ainda maior valor, que pode ser, até, incalculável, em função do que a equipa terá para nos apresentar, demonstrar e conquistar nos tempos vindouros.

Os tempos existem, o tempo é que não. Mantém-te acordado, Benfica, não voltes a fechar os olhos e a marcar passo, pois não haverá uma segunda oportunidade para que o tempo, que não há, espere por ti. Se for preciso tradução, tentem em inglês, as times goes by...


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Nuno Campilho
Nuno Campilho

18 Set 2024 | 06:00

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Nuno Campilho
Tiago Godinho

16 Set 2024 | 11:03

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13 de Setembro

É neste tempo que começamos a construir aquilo que pretendemos para o futuro de curto prazo: um clube que honre o seu passado e que reforce o Museu Cosme Damião

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Nuno Campilho
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18 Set 2024 | 06:00

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João Diogo Manteigas
João Diogo Manteigas

Corte a ... Direito: Benfica Vencerá!

Uma enorme saudação a toda a nação e família benfiquista. Todos unidos, o BENFICA VENCERÁ!

17 Set 2024 | 06:00

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Tiago Godinho
Tiago Godinho

13 de Setembro

É neste tempo que começamos a construir aquilo que pretendemos para o futuro de curto prazo: um clube que honre o seu passado e que reforce o Museu Cosme Damião

16 Set 2024 | 11:03

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