Sim, parece estranho, mas, ainda hoje, quando falo de desporto, em particular de futebol, fora do círculo de amigos, oiço sempre o mesmo tipo de comentários: “Olha, até percebe de futebol!”.

Sim, parece estranho, mas, ainda hoje, quando falo de desporto, em particular de futebol, fora do círculo de amigos, oiço sempre o mesmo tipo de comentários: “Olha, até percebe de futebol!”. Mais do que perceber, que isso é sempre subjetivo, sim tenho opinião e não viro a cara a uma bela discussão sobre bola. Sei e sinto que, por ser mulher, a minha intervenção, habitualmente ou é vista como engraçada ou como “tem a mania”. Enfim, felizmente acredito que caminhamos para um novo normal, com mulheres seguras de si a simplesmente darem o seu ‘bitaite’ sobre cada jornada, seja da nossa Liga como da Premier League, Serie A, La Liga ou qualquer outra. Lá está, sim não vemos e falamos só do nosso Clube e dos jogadores portugueses. Ah! Também sabemos o que é um fora de jogo e um trinco.

Ainda me lembro, no início do namoro com o meu marido, que numa das primeiras vezes que me convidou para jantar fora, pedi para passar para o dia seguinte, já que nesse dia jogava o Real Madrid com o Barcelona…confesso que na altura não percebi que corria o risco de ficar sem namorado… a verdade é que acho que foi decisivo para o conquistar. Só deixou de achar tanta piada, quando percebeu que quando vamos jantar a um restaurante e ver um jogo, queremos ficar os dois de frente para a televisão. Não se pode ter tudo…

A verdade é que não consigo explicar, o que me fez e faz adorar futebol, em especial o “meu Benfica”. O meu pai nunca me levou a um estádio nem liga muito à bola, ou seja, quase que acredito que é algo inato. Até o meu filho mais pequeno fica meio espantado e até sinto que por vezes meio preocupado, quando me vê a assistir a um jogo do Glorioso. “Mamã, porque ficas assim quando estás a ver o Benfica?”. Respondo sempre: “Amor, não se explica, sente-se!”. Já com os dois mais velhos, que não têm a mesma cor clubística (saíram ao paizinho) acabámos por assinar um tratado de paz para conseguirmos ver os jogos com alguma tranquilidade e num formato familiar. Quanto à gestão da azia, uiiii, existiria muito a escrever sobre este tópico. Ainda tento “desesperadamente” que o mais pequeno possa vir a nutrir da mesma paixão que tenho pelo Benfica, mas confesso que acho que nem de futebol vai gostar. Há que aceitar!

Resumindo, seja para falar das táticas, dos convocados, das substituições, do penteado ou das tatuagens dos jogadores, não interessa, homens e mulheres podem e devem ter o mesmo espaço e canal para opinar sobre futebol. Vai chegar o dia em que veremos só mulheres, desde a pivô às convidadas, a protagonizarem um programa de informação desportiva, não por serem mulheres, isso por si só é irrelevante, mas por serem reconhecidas como credíveis para tal “feito”.  E quem sabe, ainda poderei ver uma Presidente para os lados da Luz?! Sim, porque futebol também é coisa de mulher.