Uma tendência prestes a terminar
O Programa Regressar poderá ser restringido pela proposta do Orçamento do Estado para 2024, retirando o incentivo financeiro que nos últimos cinco anos tem permitido a reintegração de vários jogadores de futebol nas principais equipas portuguesas. Dado este cenário a renovação de Ángel Di María com o Benfica poderá complicar-se.
Tratava-se de uma iniciativa que possibilitou a contratação de diversos astros do futebol, tais como o extremo argentino ou Nicólas Otamendi, sabendo-se que que normalmente cobrariam salários que ultrapassavam os limites da SAD do Benfica.
Nesse sentido, o nosso Jornal falou com o conhecido adepto do Glorioso, Tiago Godinho, que analisou este ‘contratempo’.
“Será menos aliciante para alguns jogadores regressarem a Portugal. O futebol português aproveitou esse programa - que certamente não foi desenhado para a realidade do desporto - portanto era expectável que o legislador atuasse em conformidade”, começou por dizer.
“Agora, considero que o desporto, e não só o futebol, deve reivindicar medidas que possam tornar atrativa a prática desportiva e, no caso em particular do futebol, com potencial de reter os atletas mais conceituados”, acrescentou o conhecido adepto das águias.
Números falam por si
Deste modo, o Governo, que inicialmente criou esta esta estratégia para atrair emigrantes e cidadãos estrangeiros que tenham tido residência fiscal em Portugal, aprovou um limite máximo de rendimento de 250 mil euros por ano. Como tal, jogadores profissionais ficam excluídos neste pacote, visto que a vasta a maioria tem rendimentos salariais que excedem esse limite.
Por exemplo, se um atleta que ganha 3 milhões de euros por ano utilizasse o Programa Regressar, apenas seria taxado em 1,5 milhões, eliminando de tributação 50% dos seus rendimentos laborais. A partir de 2024, o mesmo atleta que faturar os mesmos 3 milhões de euros pagará 2,75 milhões de euros em impostos.
Seguindo esta lógica, a renovação de contrato com atletas como Di María ficam agora numa situação muito complicada. Nos últimos dias tem sido avançado o interesse do extremo em ficar a Portugal, mas estes novos desenvolvimentos podem obrigar o argentino a mudar de ideias.
Por outro lado, estrelas como Bernardo Silva e Rúben Dias nunca esconderam o seu desejo de regressar à Catedral. Contudo, sem beneficiar das vantagens inerentes ao Programa Regressar, será naturalmente mais difícil para os encarnados convencer antigas glórias do Clube da Luz a ingressar novamente no futebol português.
Ainda assim, Tiago Godinho considera que este cenário não será impeditivo para ambas as partes: “Terá que existir vontade do clube e em simultâneo dos atletas. Estou certo que, com imaginação, é possível fazer regressar os atletas para, na pior das hipóteses, estarem ambos na conquista da terceira Liga dos Campeões do Clube. Esperemos que, quando regressarem, lutem por outro número que não a terceira”.
Em sentido inverso, estas novas regras indicam que já não será necessário ter tido residência fiscal anterior em território luso. Ou seja, qualquer jogador estrangeiro, mesmo que chegue ao nosso país pela primeira vez, pode beneficiar deste programa, oferecendo a clubes como o Benfica menos entraves na transferência de craques mais baratos, embora de menor qualidade.
“O barato por vezes saí caro. O que o Clube deve continuar a fomentar é o trabalho de qualidade que têm comprovadamente desenvolvido na formação e, depois, ser criterioso no seu recrutamento externo, tentando identificar o mais cedo possível talento emergente. Por outro lado, é fundamental estar mais equilibrado financeiramente para conseguir reter mais talento, são esses os nossos grandes desafios no curto / médio prazo”, completou Tiago Godinho.
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