Nuno Campilho
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04 Jun 2025 | 06:00

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Nuno Campilho

Absorto pelo escandaloso branqueamento de que tem sido alvo o ignóbil ato perpetrado pelo jogador do Sporting, Matheus Reis, do qual foi vítima Andrea Belotti


Absorto pelo escandaloso branqueamento de que tem sido alvo o ignóbil ato perpetrado pelo jogador do Sporting, Matheus Reis, do qual foi vítima o jogador do Benfica Andrea Belotti, num assomo de criatividade e, até, de malévola ironia (lembro um artigo de opinião intitulado “O Belotti estava a pedi-las”), optei por dedicar o meu artigo de hoje à escrita de um conto ficcional, cuja conexão à realidade não é pura coincidência. Vale que eu tenho memória e continuarei a querer ir ver jogos a estádios de futebol e, não, a prática de Jiu Jitsu a qualquer ringue de artes marciais. Não aprecio…


E, então, reza assim.


Na pacata vila da Segunda Circular, vivia um homem chamado Meteus Rainhas. Um dia, no mercado local, ao ser ultrapassado na fila das cebolas, Meteus virou-se calmamente para o infrator — um jovem estudante chamado André — e deu-lhe um estalo sonoro, daqueles que fazem eco entre as bancas de fruta.

A multidão gelou. O senhor Langedo, o peixeiro, deixou cair um robalo. Mas antes que alguém chamasse a GNR, Meteus ergueu a mão, sereno, e declarou:

— Tenho o direito. Eu também levei um estalo assim, em 1983. E o meu agressor também tinha levado um, nos anos 60. É tradição.

Perante tal lógica ancestral, ninguém soube muito bem como reagir. André, ainda com a cara vermelha e olhos em modo Windows XP a reiniciar, balbuciou:

— Mas isso… isso não faz sentido! Não devia ser ao contrário? Quem bate devia ser punido!

Meteus abanou a cabeça, paternal:

— Ó rapaz, se fosse assim, teríamos um mundo cheio de ressentimento e tribunais entupidos. Assim, vai-se pagando para trás, como se fosse um café fiado. Eu pago hoje, tu pagas a alguém amanhã.

Naquela tarde, uma comissão informal da Junta de Freguesia reuniu-se na tasca da VARa dos Disparates para discutir o caso. O veredito foi unânime: Meteus estava isento de culpa, visto que apenas continuava o “Ciclo Tradicional de Compensação Física Não-Letal”, documentado (alegadamente) em arquivos orais que remontam ao tempo dos Viscondes.

André foi aconselhado a, mais cedo ou mais tarde, dar um estalo em alguém também — preferencialmente alguém que se mostrasse vagamente merecedor, como um fiscal ou um mediador irritante — para restaurar o seu “saldo emocional”.

E assim se manteve a paz na Segunda Circular. Uma paz feita de bofetadas ritualizadas e memória coletiva. Um sistema perfeito, onde ninguém é culpado porque todos, em algum momento, foram vítimas — ou vão ser.

Moral da história: em terra onde a justiça é hereditária, o estalo é património.

Não posso deixar de partir para um defeso ativo (não deixarei de escrever, a menos que me impeçam), sem deixar de louvar a conquista da primeira Taça Revelação pela equipa de sub-23 (tantas e tantas vezes achincalhada, no que foi sendo argumentário cobarde por parte de quem tem vindo a procurar menorizar aquela que ainda continua a ser uma das melhores academias de formação do mundo), assim como o Rafael Quintas, o nosso “presidente”, que capitaneou a seleção de sub-17 rumo à conquista do Campeonato da Europa da categoria. Capitaneou a seleção e liderou um contingente de 9 jogadores do Benfica que foram convocados, todos eles com presença na final, 6 a titular, 3 como suplentes utilizados e marcadores de dois dos três golos dessa final. Como se não bastasse, o Rafael ainda foi eleito o melhor jogador do torneio. Depois disto e do que atrás também mencionei, vou ficar expectante a aguardar por aquilo que agora irão dizer os detratores que são hábeis a cavalgar insucessos, mas apresentam visíveis dificuldades em navegar em águas tranquilas, talvez porque não sabem nadar… Como os tempos que se avizinham, também serão dedicados à manicure (e ao “corte e costura”), a ver vamos se terão unhas para tocar esta guitarra…

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Nuno Campilho
Nuno Campilho

04 Jun 2025 | 06:00

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A Sagrada Tradição do Estalo

Absorto pelo escandaloso branqueamento de que tem sido alvo o ignóbil ato perpetrado pelo jogador do Sporting, Matheus Reis, do qual foi vítima Andrea Belotti

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Tozé Santos e Sá
Tozé Santos e Sá

Apontamento - Vermelho e Branco - Sebastianismos!

A babujem é tanta nestas alturas, que parecem cogumelos. Alguns não têm um projeto para o Benfica, mas sonham com um lugarzito na lista potencialmente vencedora

06 Jun 2025 | 06:00

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Nuno Campilho
Nuno Campilho

A Sagrada Tradição do Estalo

Absorto pelo escandaloso branqueamento de que tem sido alvo o ignóbil ato perpetrado pelo jogador do Sporting, Matheus Reis, do qual foi vítima Andrea Belotti

04 Jun 2025 | 06:00

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Tozé Santos e Sá
Tozé Santos e Sá

Apontamento - Vermelho e Branco - Desviar de atenções

Por isso pergunto, mas ser muito Benfiquista é critério? Não há pelo menos 6 milhões em Portugal e pelo menos 15 milhões pelo Mundo de muito Benfiquistas?

30 Mai 2025 | 06:00

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