Resta-nos esperar que no Mundial consigamos honrar o clube fundado em 1904, atingindo pelo menos a fase a eliminar, o mínimo para quem veste o Manto Sagrado

Na noite de hoje, o Sport Lisboa e Benfica inicia a sua caminhada no 1.º jogo da fase de grupos do novo Mundial de Clubes da FIFA. Uma estreia que acontece por mérito desportivo europeu, reflexo das boas campanhas internacionais dos últimos anos. Um feito que contrasta, no entanto, com as más prestações nas provas nacionais, onde a realidade tem sido bem menos meritória.

Infelizmente, as expectativas para esta competição estão longe de ser altas. A perda de mais um campeonato nacional — o quinto em seis épocas — e da Taça de Portugal, somadas a uma preparação marcada por incertezas no plantel, com jogadores em fim de ciclo ou na porta de saída, não alimentam o sonho de uma participação gloriosa.

Mas nada disto é surpresa. É, antes, consequência direta da ausência de uma estratégia desportiva clara e consequente. Em maio do ano passado, escrevi:

“Garantir os recursos para que a época 2024/25 seja inolvidável na história gloriosa do Sport Lisboa e Benfica, depende de uma liderança assertiva, que assuma os erros desta época (...), garanta a defesa da equipa técnica — a atual ou outra que venha a ser contratada — e consiga reter os nossos porta-estandartes: António Silva e João Neves.”

Liderança (Confira aqui o link do artigo em questão)

A época nem tinha começado, e já se abdicava do melhor jogador, João Neves. A defesa da liderança técnica foi tão convicta, que bastaram quatro jornadas para o treinador campeão ser demitido.

No futebol moderno, por vezes teorizamos tanto que parece física quântica. Mas a verdade é simples: vence quem planeia melhor, define objetivos claros e se mantém fiel ao seu rumo, mesmo nas adversidades.

No Benfica, infelizmente, esta lógica raramente se aplica. Não há plano, não há projeto, não há rumo. Só há gestão de danos e tentativa de proteger a face de quem lidera. Uma constante desde o início do século XXI.

No Sport Lisboa e Benfica atual, não há tempo para treinadores ou jogadores. Mas há sempre tempo para os dirigentes. Desde Manuel Vilarinho, todos contam com a paciência dos sócios e adeptos. Não importa o resultado. Isso, sim, é um paradoxo.

Eis os números das últimas 25 épocas:

• 8 Campeonatos (32%)

• 3 Taças de Portugal (12%)

• 6 Supertaças (24%)

• 8 Taças da Liga em 18 possíveis (44,4%)

Um registo aquém da grandeza do clube.

Mudar esta realidade depende de nós — sócios e adeptos. Enquanto isso não acontece, resta-nos esperar que no Mundial consigamos honrar o clube fundado em 1904, atingindo pelo menos a fase a eliminar, o mínimo dos mínimos para quem veste o Manto Sagrado.

Viva o Incomparável, o Sport Lisboa e Benfica!