Vão ser quatro meses e meio entusiasmantes, cheios de benfiquismo. Deste tem de sair o único Benfica que nos interessa. O MAIOR de Portugal!

Faltam sensivelmente quatro meses e meio para a data mais importante do calendário benfiquista. A 25 de outubro vão-se disputar as eleições do Sport Lisboa e Benfica.

Nestas eleições, que prometem ser das mais disputadas e provavelmente participadas de sempre, muito estará em discussão. Cada sócio dará maior ou menor importância a diferentes aspetos da vida benfiquista, onde normalmente se destaca o futebol, mas parece-me que estamos longe dos anos em que as eleições se decidiam pelos reforços e treinadores anunciados para a equipa de futebol.

Os tempos são outros, os sócios há muito mais informação, interesse e até perceção do que significa eleger um presidente do Sport Lisboa e Benfica.

Na minha condição de sócio estarei atento a 5 pontos que considero vitais na vida do clube no próximo triénio:

1. O modelo de negócio. Num artigo publicado aqui no Glorioso 1904 há cerca de dez meses, expliquei a minha visão do que se tornou o Benfica: um entreposto (Saiba mais AQUI). Sou por isso crítico do atual modelo em que todos os anos vendemos antes de tempo jogadores chave para o nosso sucesso desportivo e enquanto instituição, que se alimenta não apenas de vitórias, mas também de ídolos, com os quais sócios adeptos e simpatizantes se identificam criando elos emocionais que perduram ao longo das suas vidas. Perceber o que cada candidato propõe enquanto modelo de negócio para os próximos 3 anos é talvez o ponto a que darei mais relevância;

2. Eficiência empresarial. Intimamente ligado ao primeiro está a questão do que propõe os candidatos para emagrecer o monstro ineficiente em que se tornou o Benfica. Uma análise, até superficial, das contas do clube e SAD permite perceber que o clube se encontra estrangulado por uma série de rubricas de custos qua são autênticas âncoras limitativas do nosso crescimento. Destes destaco os custos financeiros e FSE. Um clube e SAD eficiente darão ao Benfica uma vantagem competitiva gigantesca face aos seus mais diretos competidores nacionais, que hoje não temos porque a nossa vantagem evidente em receitas é quase totalmente consumida pelo gigantismo dos nossos custos desnecessários;

3. Modalidades. Ainda associado aos 2 pontos anteriores temos o tema das modalidades. É um tema complexo e sensível no universo benfiquista. Por um lado queremos ser o mais eclético dos clubes nacionais (e internacionais, em boa verdade), mas resta saber a que custo, sobretudo quando os resultados desportivos pioram de ano para ano. Em que modalidades queremos estar, com que preço e como são financiadas, é uma discussão que os sócios benfiquistas têm de ter no próximo triénio.

4. Transparência. Ainda associado aos primeiros 2 pontos, este é felizmente um dos pontos que tem estado cada vez mais na agenda e do próximo presidente do Benfica só se exige uma coisa: máxima transparência e lisura, com explicação e divulgação detalhada de todos os custos relacionados com o clube, não apenas das transferências como de todas as dependências e custos empresariais, com especial destaque para os fornecedores e serviços externos. Falamos muito de auditorias, mas o maior sintoma de democracias evoluídas são os cidadãos, neste caso sócios, serem os primeiros a exigir transparência e, na falta dela, responsabilidades.

5. Sócios. Infelizmente o Benfica passou a olhar para o seu maior ativo, sócios e adeptos, como carteiras. Sucedem-se as iniciativas que pretendem gerar mais receitas, à custa dos mesmos, muitas vezes com produtos sem qualquer valor emocional e, portanto, comercial (lembro-me de uma plataforma ironicamente chamada sócios.com ou de parcerias com personagens de animação com as quais as crianças e jovens de hoje não têm qualquer relação). Pelo caminho os sócios e adeptos são maltratados e humilhados frequentemente em todos os campos da nossa liga, sem que se tenha ouvido uma palavra das últimas direções. E ainda assim, eles estão lá, apaixonados e indefetíveis, apesar de tudo e com os resultados que se conhecem. Qualquer candidato que não tenha um plano para o apoio e acompanhamento dos sócios e adeptos, não merece o nosso apoio.

Vão ser quatro meses e meio entusiasmantes, cheios de benfiquismo. Deste tem de sair o único Benfica que nos interessa. O MAIOR de Portugal!

Viva o Benfica!