Racionalidade, paixão e participação, para exigir mais trabalho e prestação de contas aos que lideram o clube
O país comemorou ontem o 50 º aniversário do 25 de Abril, que restituiu ao povo português a liberdade de expressão e a democracia. A incrível manifestação popular no dia de ontem é um sinal claro de que os portugueses estimam e querem continuar a construir as conquistas do 25 de Abril de 1974.
O 25 de Abril é também a data onde recordamos com orgulho a posição dos dirigentes do Sport Lisboa e Benfica em 1974. Seguindo a história do clube que tinha eleições democráticas e AGs participadas, a direção liderada pelo Presidente Duarte Borges Coutinho desde a 1 ª hora saudou a revolução tendo feito questão de colocar o clube ao serviço da Junta de Salvação Nacional para o que fosse necessário.
A liberdade é um direito, mas com a mesma vêm também uma grande responsabilidade, a liberdade de contestar a gestão do Sport Lisboa e Benfica, seja do ponto de vista institucional ou desportivo, não pode ser sinónimo de tentativas de agressão como, as que infelizmente, assistimos no último jogo do Sport Lisboa e Benfica em Faro.
A desilusão por uma época absolutamente frustrante não é resolvida dessa forma, é com pragmatismo e usando de racionalidade que podemos alterar o rumo institucional e desportivo do Sport Lisboa e Benfica.
Roger Schmidt, num clássico dos últimos anos do clube, é mais vítima que réu. Abandonado à sua sorte, sem ninguém de uma estrutura, supostamente, profissional a defendê-lo. O racional é simples, enquanto o alvo for o treinador os principais responsáveis ficam a salvo da contestação. Foi assim com Jorge Jesus, Rui Vitória, Bruno Lage, novamente Jorge Jesus e agora com Roger Schmidt.
Sem escamotear os erros estratégicos ou de opções do treinador, a realidade é que só existe uma estrutura próxima quando os treinadores são bem-sucedidos, quando as coisas começam a correr mal os homens que lideram a equipa profissional de futebol são abandonados ao seu destino.
Lamento que esta seja a realidade, num clube liderado por um Presidente que melhor do que ninguém sabe o que é um balneário de futebol, não tivesse sido um futebolista de 1 ª linha mundial durante quase 20 anos.
Rui Costa foi eleito Presidente na eleição mais participada de toda a gloriosa história do Sport Lisboa e Benfica, isso devia ser motivo de orgulho, mas também da enorme responsabilidade que os Benfiquistas confiaram em si: guiar o clube a um patamar superior, fosse na construção de uma verdadeira hegemonia desportiva como no desafio de reforçar a participação associativa.
Estando quase a atingir os 3 anos de liderança do clube (teve início em julho de 2021 com a detenção de Luís Filipe Vieira), os resultados infelizmente estão longe de ser animadores:
- 1 Campeonato e 1 Supertaça conquistada no futebol, apesar de ter o maior orçamento na Liga e de efetuar os maiores investimentos na contratação de atletas;
- Incapacidade de reverter o insucesso crónico nas modalidades de Andebol, Futsal e Hóquei em Patins (apesar do último campeonato conquistado);
- A auditoria que teima em não ver luz do dia, a direção do Barcelona demorou pouco mais que meio ano para apresentar a auditoria forense, sintomático do que não temos feito;
- O processo de revisão estatutária que teima em não avançar e a não ter sequer um calendário definido;
- As AGs do clube que continuam a ser marcadas para dias úteis em horário pouco recomendável à participação de grande parte dos associados;
- A votação de Orçamentos e Relatórios & Contas, de forma eletrónica e votados a meio da discussão dos mesmos, num insólito promovido pela anterior direção que continua a ser a realidade;
Vencemos pouco, para a enormidade de milhões de euros que gastamos nas equipas e nas estruturas de suporte (o aumento dos Fornecimentos e Serviços externos são incompreensíveis) e institucionalmente o homem que podia voltar a unir o clube e a dar força à massa associativa não consegue evitar as comparações ao modus operandi das direções anteriores, infelizmente sabemos como acabou.
Como é que mudamos isto? Com maior participação e envolvimento de cada um de nós na vida institucional do Sport Lisboa e Benfica. Racionalidade, paixão e participação, para exigir mais trabalho e prestação de contas aos que lideram o clube e por fim, construir alternativas que demonstrem competência, Benfiquismo e coragem para dar ao Sport Lisboa e Benfica o rumo que todos desejamos: hegemonia desportiva em Portugal, capacitação para ombrear na Europa num clube institucionalmente saudável, detido pelos associados e onde a sua participação é essencial para o tornar ainda maior do que aquilo que já é. De muitos, um: o Sport Lisboa e Benfica!
Vencer o Sporting Clube de Braga, apoiar os que dentro de campo carregam o emblema, mas exigindo mais deles e de todos os que gerem os destinos do Sport Lisboa e Benfica!
Viva o Sport Lisboa e Benfica!