Gostariam que fosse de outra forma? Pois… também eu, mas prefiro optar por ser realista, dói menos.

Este período de defeso tem sido bastante animado, no que ao Benfica diz respeito, pela aventada e eventual saída do João Neves.

A partir do momento em que tal se começou a percecionar como sendo possível, “chovem” as mais diversas opiniões, de entre o universo benfiquista, a maior parte delas bastante críticas em relação à venda, mesmo sem que se saiba como, quando e por quanto.

Críticas, aliás, até é aligeirado, para aquilo que se vai lendo e ouvindo, de um atentado à capacidade de gestão e de noção do que andam cá a fazer o presidente e os dirigentes da SAD do Benfica.

Mesmo que ainda não se saiba se tal será uma realidade, a “cama” dos envolvidos já está feita e não é nada confortável. Mesmo que ainda não se saiba como, quando e por quanto, será sempre péssimo, inoportuno e barato, para não dizer, em saldos.

Ninguém questiona a vontade do jogador, do seu agente, ou da sua família. É tudo a cascar no Rui Costa, mais conhecido por ser o fruto de uma árvore que cresce abundantemente na Ilha da Madeira…

Vai daí, e é um passo até começarmos a discutir (ou a denegrir) o modelo de gestão do clube e a (ir)responsabilidade dos seus dirigentes.

Todos sabemos (e quem afirme o contrário não está a ser honesto) que a gestão do Benfica (muito a léguas de poder ser comparada, sequer, a qualquer outro dos designados grandes, em Portugal) deriva de um modelo que assenta na formação de jogadores, oriundos da escola de formação por muitos qualificada – e justamente – como das melhores do mundo, da sua promoção à equipa principal e do seu sucesso desportivo, aliado às suas características e qualidades técnicas, que, naturalmente, ultrapassam as frágeis fronteiras do nosso exíguo território.

Sempre foi assim, não vejo que possa ser de outra forma, os exemplos recentes são mais que muitos, mas há quem insista em vir falar de modelos de gestão e a fazer comparações com o Real Madrid (por amor da Santa… já nos bastam as frustrações do outro lado da 2ª Circular).

Quem me dera a mim que o Benfica, um dia (longínquo…) consiga assentar o seu modelo noutra forma de capitalizar os seus ativos e noutra forma de garantir liquidez e capacidade de investimento para continuar a ser um clube muito competitivo em todas as suas vertentes e dos mais ecléticos do mundo.

Até lá, temos de lidar com estas situações, que ainda que não nos agradem (convenhamos que, a mim, também não) e darmo-nos por privilegiados e sentir orgulho por, a cada ano que passa, quase sem exceção, formarmos jogadores que são cobiçados pelos melhores e mais endinheirados clubes do mundo e realizar, numa única transferência e num único ano, aquilo que os nossos rivais não conseguem com vários jogadores, durante anos sucessivos acumulados, isto é, vale tanto um jogador do Benfica num só ano, quanto valerão 4 ou 5, do Sporting, ou do Porto, em tantos outros anos.

É o que é. E há aqueles que, como eu, tentam compreender e há outros que, podendo ser e serem até mais do que eu, optam por deprimir e por rebentar com as decisões e tomadas de posição da direção do Benfica, seja ela qual for, pois, felizmente, este modelo, com os resultados bem à vista de todos (umas vezes para o bem e outras para o mal, como em tudo na vida), ultrapassa gerações, mandatos e pessoas.

Gostariam que fosse de outra forma? Pois… também eu, mas prefiro optar por ser realista, dói menos.

Os jogadores passam, mas o Benfica, esse, é eterno!