Esperamos todos que seja a versão melhorada do primeiro e que, pelo caminho, nos poupe a comunicações infantis como a dos “Super Wings”

Neste artigo que escrevi nos idos de março, destaquei as semelhanças do que estava a acontecer com Schmidt com o que acontecera com Bruno Lage, 4 anos antes. A “profecia” confirmou-se e Schmidt, o autor do já saudoso Rogerball, já cá não mora (ainda que receba por mais uns largos meses). O que eu não podia imaginar era que a um sucederia o outro.

A verdade é que, no dia que Rui Costa decidiu prescindir dos serviços do alemão, Lage era de longe o nome mais provável de todos os pensados ou cogitados pela imprensa e por uma razão muito simples: era o que tinha menos a perder e o de menor risco para Rui Costa.

Leonardo Jardim, parece preferir petrodólares e dificilmente embarcaria numa aventura em Portugal com um plantel que não escolheu e já 5 pontos atrás do, hoje, muito favorito ao título. Renato Paiva não sei se chegou a ser hipótese, mas, ao que parece, não deixou saudades nos corredores da Luz. Todos os estrangeiros falados dificilmente pegariam num projeto que não tenha sido pensado para eles e Sérgio Conceição era de longe a hipótese de maior risco para Rui Costa que, falhando, ficaria numa posição ainda mais frágil à que hoje se encontra.

Ficamos por isso com Lage, o simpático e por vezes ingénuo “mister” que catapultou Félix para a ribalta e levou o Glorioso a uma inesperada reconquista. Longe de ser uma hipótese segura (nenhuma seria nesta altura) é a que menos compromete a direção do Benfica que se acertar conseguiu emendar a mão a tempo e se falhar irá, com certeza, argumentar que neste momento não tinha melhor alternativa e que o próximo é que vai ser!

Por seu turno Lage tem pouco ou nada a perder; a sua carreira encontra-se em “ponto morto” depois de uma infeliz experiência no Brasil com o ex-futuro investidor na SAD encarnada e sem mais troféus para além dos que conquistou de águia ao peito. Se ganhar, é um herói, se perder, não era o plantel dele, fez a pré-época em competição, já levava 5 pontos de atraso, etc., etc., e regressa ao ponto em que hoje se encontra, mas com mais uns milhões na conta bancária.

Interessante é também analisar como foi comunicada esta substituição. Depois de uma conferência de imprensa em que Rui Costa pouco mais disse do que o esperado, tivemos 4 dias de “lançamento” do novo treinador. Começou-se por testar na imprensa e redes sociais vários nomes e face à falta de entusiasmo ou mesmo oposição veemente (e justificada) em relação a um deles, a hipótese Lage foi crescendo gradualmente, até o momento em que vemos os jornais desportivos inundados de louvores a Lage e Rui Costa, feito por ex-jogadores e outras figuras ligadas ao universo Benfiquista.

Se dúvidas havia no que se presta a comunicação do Sport Lisboa e Benfica, como aqui destaquei há duas semanas, elas ficaram definitivamente desfeitas: controlo de danos a Rui Costa e aos seus. E como os danos têm sido muitos, este propósito é cada vez mais evidente.

Posto isto, o que podemos esperar de Lage e qual das suas versões vamos encontrar? O que levou o Benfica a uma recuperação épica e a exibições e resultados esmagadores, ou o que, mesmo sem adeptos nos estádios, foi atropelado pela exigência de ser treinador do Sport Lisboa e Benfica?

Esperamos todos que seja a versão melhorada do primeiro e que, pelo caminho, nos poupe a comunicações infantis como a dos “Super Wings” e do discurso motivacional de novas paternidades.

Muito mais do que pela sua personalidade empática, terá de se destacar pelo profissionalismo, exigência e capacidade de entregar ao Benfica o que o fez o Maior de Portugal: Vitórias, umas atrás das outras! Que assim seja.

Boa sorte “mister” Lage.

Viva o Benfica!