Pedro Jerónimo
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26 Mai 2025 | 06:21

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Pedro Jerónimo

O campeonato é inteiramente justo, jamais pode ser a Taça, mas o futebol tem muito disto, tem tanto de justiça, como de contrário


Eis-nos, passadas duas semanas, novo duelo de titãs, com os grandes de Lisboa a medirem forças, agora na final da Taça de Portugal.


Esta seria apenas a cereja no topo do bolo para o Sporting, pois caso falhasse a conquista, poucas consequências teria no seu projeto da próxima época. Do outro lado, a conquista da Taça seria uma espécie de rennie para melhorar a azia, dado que o grande objetivo já tinha falhado. Mas esta conquista, ou não, da Taça, poderia ter consequências para Bruno Lage, ou seja, o tema da continuidade estaria em cima da mesa, uma vez que, para o melhor plantel do campeonato, conquistar apenas uma Taça da Liga, era, claramente, diminuto, escasso, insuficiente, permitindo-me utilizar todos os sinónimos possíveis para caracterizar uma época, mais uma vez, mal planeada, mal guiada!


Vamos aos onzes das equipas: pelo Sporting, sem surpresas, com a frente de ataque entregue a Trincão, Pote e o "bicho" Gyokeres. Única alteração era na defesa, com St Juste a entrar para o lugar do lesionado Diomande.

Nos encarnados, Aursnes ausente no onze, mesmo após ter feito o aquecimento no onze titular, mas não passou o teste, bem como Di Maria. Samuel na baliza, como Lage tinha anunciado e o quarteto expectável, com Otamendi e António ao meio e Carreras e Tomás nas alas. Ao centro, Tino e Kokçü, depois com Dahl, Bruma no lugar de Di Maria, Aktur e Pavlidis. 

Parecia que Lage queria corrigir algo desde há duas semanas: por um lado dar consistência defensiva no flanco, com Dahl a surgir como coadjuvante para dominar as alas. Bruma para tentar mais intensidade, mostrando que o astro argentino está, definitivamente, sem capacidade física para começar de início neste tipo de encontros.

Importante era este Benfica ter a capacidade de estancar a capacidade de contra ataque dos Leões, preocupando-se sim com o avançado sueco, mas jamais descurar Trincão, Pote e um Catamo com tanta capacidade de chegar rapidamente na frente.

Dahl poderia dar esse maior conforto defensivo, ao mesmo tempo, Bruma tinha de se capacitar em emprestar essa capacidade de sacrifício, sem bola, à equipa.

Rola a bola e jogo muito intenso, cada disputa de bola a ser levada como se da última tratasse, pois o Sporting queria a dobradinha e o Benfica queria provar que tinha argumentos para se equiparar com o campeão nacional.

4 minutos e o primeiro remate e pelos encarnados, com Kokçú, de fora da área a rematar rasteiro, para Rui Silva agarrar. Logo de seguida, Catamo ganha na esquerda a Carreras e valeu António Silva a bloquear a assistência para o remate. Mas era um Sporting a querer mandar no jogo, inclusive abria muito a sua frente e criava muitas linhas de passe. 

Benfica defendia à zona, esperava pelo Sporting no final do meio campo defensivo leonino, ou seja, Lage não queria dar espaço na zona intermédia, compactar sim mais o jogo nessa zona, obrigar o Sporting a bola longa.

20 minutos e primeira grande oportunidade no jogo, com Pavlidis a aproveitar um erro defensivo, surge dentro da grande área descaído para a direita, remate a meia altura e uma enorme defesa de Rui Silva a desviar para o poste direito. Benfica tinha de concretizar primeiro se queria levar este jogo de vencido, tinha de colocar a pressão no adversário e obrigá-lo a desmobilizar a sua teia defensiva, com a qual as águias têm muitas dificuldades em ultrapassar.

António era a sombra de Gyokeres, com Tomás sempre na dobra, pois essa receita sempre provou ser fidedigna.

A partir dos 15 minutos Benfica começava a pegar na batuta da partida, mais pressionante, a subir as suas linhas e conseguia, de facto, chegar à baliza dos verdes e brancos.

28 minutos e boa oportunidade novamente para os encarnados, com rápida transição por Aktur, vê Bruma rápido pela direita e já dentro da área, o remate sofre deflexão em Inácio e sai por cima, muito próximo da barra.

Benfica estava por cima, era já inegável pelos 35 minutos, onde o Sporting apostava na transição e no trio da frente, para tentar chegar à baliza de Samuel.

Gyokeres surge apenas aos 46 minutos, num remate cruzado, no limite da grande área, com Samuel a defender com facilidade. Pouco tempo depois, todos para o balneário. 

Primeira parte com o Sporting a entrar mais forte, mais pressionante no sector ofensivo e com a malha defensiva bem montada. Os comandados de Bruno Lage começam o maior ascendente pelo minuto 20 e só os últimos 5 minutos é que o Sporting consegue voltar ao jogo.

Uma excelente oportunidade para Pavlidis, que valeu Rui Silva e uma boa chance para Bruma, valendo o desvio de Inácio in extremis. Existindo um potencial líder de marcador, seria o Benfica, pelo que conseguiu criar e pela maior capacidade ofensiva que implementou, face a um Sporting que, a dada altura, esperou apenas que os 3 homens da frente dessem um ar de sua graça. 

Segundo tempo e sem mexidas de lado a lado, os treinadores com confiança nos 22 que iniciaram a partida.

Que início de partida e exatamente o que o Benfica precisava: lance aparentemente inofensivo na esquerda, Aktur temporiza, vê o compatriota Kokçü que atira um foguete, ainda fora da área, para as redes de Rui Silva. 

Inaugurado o marcador e com alguma justiça, dado o maior ascendente encarnado.

Logo de seguida, o Benfica até marcou o segundo, mas é anulado por uma falta anterior de Carreras. 

Entrava fortíssimo o Benfica e agora enchia-se de confiança com o adiantar de marcador no jogo.

Sporting parecia agora desesperado à procura do colosso sueco, que tentava cavar faltas junto à área encarnada, pois estava desaparecido do jogo com a implacável marcação do António Silva.

Já tinha mexido Rui Borges, retirando Debast e a apostar em Morita, querendo dar maior pendor atacante. 

Sporting agora com cariz ofensivo e pressionava as linhas defensivas do adversário. Não era tempo do Benfica recuar, mas sim procurar o segundo e permitir ao Benfica mais tranquilidade em gerir a posse e respetivo jogo.

69 minutos e mexia Lage na equipa, retirando a dupla turca, inclusive Kokçü lesionado, colocando Renato Sanches e Schelderup. Procurava refrescar a equipa, não descurando a capacidade de atacar. Agora era muito importante o norueguês acertar o passo, especialmente no capítulo da entreajuda defensiva. Veríamos também como estava Renato, porque a aposta nele, em detrimento de Barreiro, não parecia acertada, pois o internacional português vinha de lesão e ainda faltavam mais de 20 minutos, bem intensos da partida.

75 minutos e embora o Sporting tivesse mais ascendente, não chegava com perigo à baliza de Samuel Soares. Saía Pote e entrava Harder, reforçando a sua presença na área. Retirava também Catamo e lançava o miúdo Quenda.

3 minutos depois, era a vez de Lage mexer, novamente com dupla substituição, retirando Pavlidis e Tomás Araújo, colocando Belotti e Aursnes. O médio norueguês entrava para o corredor direito, permanecendo Dahl a médio interior esquerdo.

Finalmente aos 81 minutos, Belotti acordava as bancadas encarnadas, ao recuperar a bola a Quaresma, servindo Schelderup que permite a defesa a Rui Silva.

83 minutos e mais uma substituição do lado leonino, entrando Fresneda para o lugar de Quaresma.

Susto para a defesa das águias, surgindo Trincão já dentro da área de Samuel Soares, mas com o seu pior pé, rematou muito fraco para as mãos do guarda redes.

Última substituição para os lados da Luz, entrando Barreiro para o lugar de Bruma. Era dar consistência e compactação ao meio campo, não permitir ao Sporting capacidade de centrar bolas para a área e, ao mesmo tempo, bloquear os construtores. 

10 minutos (incompreensíveis) de compensação, ainda havia muito para sofrer, para sacrificar fisicamente. 

O Benfica tinha de ser inteligente e não ceder, apenas, ao coração, tinha de saber gerir estes momentos finais e enervar o adversário. 

96 minutos cabeceamento de Gyokeres, novamente fácil para Samuel. Aproximava-se o fim e o Benfica tentava gerir a posse e mesmo aos 98 minutos, boa jogada de envolvimento entre Barreiro e Belotti, com o luxemburguês a rematar à figura de Rui Silva, desviando para canto.

Mas aos 99 minutos Renato Sanches borrava a pintura por completo e, sem qualquer necessidade, rasteirava Gyokeres dentro da grande área, permitindo aos Leões chegar ao empate por via da grande penalidade. São estes momentos que caracterizam a época de uma equipa e um jogo completamente controlado, a ir para prolongamento sem qualquer necessidade.

Sabor tremendo a injustiça para a hoste encarnada, num jogo que claramente o Benfica estava a ser superior e, num lance mal gerido, permite que o adversário empate sem ter tido qualquer boa oportunidade durante os 90 minutos.

Mais 30 minutos para sofrer e com as pernas altamente desgastadas, seria a força de vontade a definir o vencedor da Taça de Portugal. 

Animicamente parecia agora o Sporting por cima, pois faz o golo em cima do término do jogo, dando uma maior força mental.

Lage podia fazer ainda uma substituição, mas parecia esperar para lançar Di Maria. O receio era descompensar a equipa, especialmente no setor intermédio e esperava-se que entrasse apenas na segunda parte do prolongamento.

Aos 98 minutos e a grande oportunidade para o Sporting, com Maxi Araújo a servir Gyokeres e grande defesa de Samuel. Mas depois da ameaça, o golo, com um mau alívio da defesa das águias, na sequência do canto, Trincão vê Harder e serve o Dinamarquês na perfeição, a cabecear sem hipóteses para Samuel Soares.

Saía Dahl e entrava Di Maria, era a última cartada de Lage, mas o argentino estava de cara fechada, aparentando que entrava muito tarde neste jogo crucial.

Por um lado a tal sensação de injustiça, porque o Sporting nada fez para merecer a vantagem, porque tem uma chance de golo... no prolongamento e o outro lado é o erro absurdo de Renato Sanches, no lance da grande penalidade, aliás, classifico este lance do Renato como imagem que representa, de forma fidedigna, a época 24/25 das águias: sempre que parecia que tinham a situação controlada, à mínima desatenção, era golo da equipa contrária. 

Retomava o jogo para os segundos 15 minutos do prolongamento e, para além de Aursnes, poucos jogadores de viam com vontade de tentar o empate.

Segunda parte era o expectável, procura sistemática de Di Maria e o argentino sem capacidade mental de reagir e tentar algo, embora tenha feito remates, alguns cantos e livres, mas sem sequência. Mas quando a injustiça não podia ser maior, o Sporting coloca ponto final no jogo ao aproveitar o balanço ofensivo do Benfica, com um lance de génio de Trincão, que retira 2 defesas encarnados da frente e bate Samuel para o terceiro golo.

Estava selado o destino do jogo e também de Bruno Lage e Rui Costa, mas falarei disso na análise da época e projeção da vindoura.

O campeonato é inteiramente justo, jamais pode ser a Taça, mas o futebol tem muito disto, tem tanto de justiça, como de contrário e hoje foi o apanágio disso mesmo.

Não venceu o melhor hoje, venceu quem se aproveitou de um erro infantil de um jogador que nunca deveria ter vindo esta época, como tantos outros.

Agora sim concluída a época 24/25, embora haja ainda o mundial de clubes, mas sem grandes esperanças de uma boa campanha.

Em breve falarei do que foi esta época e procurarei lançar a próxima. 

Saudações Desportivistas!!

+ opinião
Pedro Jerónimo
Bernardo Alegra

24 Mai 2025 | 07:05

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Muito mais que um jogo

É por isso também fulcral para a forma como entramos na próxima época: ou com uma equipa, treinador e adeptos renovados em confiança e capazes

+ opinião
João Diogo Manteigas
João Diogo Manteigas

Corte a ... Direito: Atrás do Prejuízo

Ao longo deste mandato, o Sport Lisboa e Benfica não deu provas de querer liderar e ser uma voz ativa no setor desportivo em Portugal

27 Mai 2025 | 06:00

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Pedro Jerónimo
Pedro Jerónimo

A conclusão de uma época falhada, a todos os níveis!

O campeonato é inteiramente justo, jamais pode ser a Taça, mas o futebol tem muito disto, tem tanto de justiça, como de contrário

26 Mai 2025 | 06:21

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Bernardo Alegra
Bernardo Alegra

Muito mais que um jogo

É por isso também fulcral para a forma como entramos na próxima época: ou com uma equipa, treinador e adeptos renovados em confiança e capazes

24 Mai 2025 | 07:05

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