Nuno Campilho
Biografiado Autor

21 Fev 2024 | 07:55

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Nuno Campilho

... e o poder de assobiar a quem não tem mentes!


Bem sei que é uma rima um pouco forçada e ainda menos engenhosa, mas rima e vai ao encontro do meu tema de hoje.


Pois bem, já depois de termos vencido o Toulouse, ainda que de forma sofrível (quase tão sofrível quanto é a qualidade futebolística dos franceses), eis que o sr. Roger Schmidt decide corresponder ao anseio dos seus incontáveis adeptos mais críticos e faz uma mudança quase revolucionária no 11 que apresentou no jogo seguinte contra o Vizela! Mas (o nome do meio destes adeptos é a incerteza, de entre dizerem mal de tudo, ou de nada), ainda lá estava o Morato a defesa esquerda e o João Mário com lugar cativo.


Os últimos 30 minutos da primeira parte devem tê-los feito regozijar com a firme convicção que eles é que têm razão... “Estão a ver, eu sempre disse, temos de rodar a equipa e dar minutos ao Tiago Gouveia, ao Neres e a outros tantos”. Espetáculo! E vivam os encartados do balcão e os diplomados da bancada!

Vai daí, e depois de uma belíssima exibição, espelhada nos cinco golos sem resposta, a equipa, naturalmente, baixou o ritmo, começou a trocar a bola mais lentamente e longe da baliza adversária e até sofremos um golo e uma grande penalidade superiormente defendida pelo Trubin.

Mas como o que a malta quer, é a equipa a trucidar e a marcar mais cinco, sobre os cinco já marcados, isso não interessa nada... O treinador volta a ser a besta que nunca deixou de ser e os jogadores perderam, subitamente, a aura endeusada que lhes foi concedida durante a primeira parte e começam a ser audíveis alguns assobios que, de tão estranhos (pelo menos para mim), creiam, me fez pensar que era algum som ambiente que surgiu extemporaneamente e de forma negligenciada. Só que não! Havia, efetivamente, adeptos a assobiar!!

Estou perfeitamente consciente – e falo disso muitas vezes – que o futebol é algo irracional, difícil de explicar e, até mesmo, de sentir, pois, por vezes, vai para além de qualquer sentimento que possa ser expressamente definido. É incontrolável e gera paixões extremas. Mas nada disso justifica – mais uma vez, do meu ponto de vista... de alguém a quem Deus, felizmente, não deu o dom do assobio – aquela reação destemperada e totalmente injustificável, de apupo a uma equipa e a um treinador que têm, certamente (em relação a alguns... vá... muitos... seguramente), muito maior e melhor noção daquilo que estão a enfrentar nesta fase da época. Foi Liga Europa, seguiu-se campeonato, novamente Liga Europa na 5ª feira, mais campeonato no domingo, Sporting para a Taça na 5ª feira e Porto para o campeonato no domingo, e ambos fora de casa.

Mas voltamos ao mesmo... O que é que isso interessa? Nem o triste e infeliz falecimento do avô do António Silva e da mãe do João Neves se sobrepõe à ideia que me dão que os jogadores do Benfica são todos autómatos, que é só pôr a carregar, comandados por um ciborgue que já fritou os miolos sintéticos.

Eu, confesso, já não tenho paciência e venho sendo, como já aqui escrevi, critico em relação a algumas decisões do treinador. Até porque ele, ser-humano (e, nas palavras do João Mário, um excelente espécime) e não o ciborgue que muitos dele querem fazer, erra, mas, ainda assim, é senciente e eu prefiro sempre os originais, às contrafações, até porque dessas estão as bancadas da Luz, amiúde, cheias.

Conversa de café: início do encontro, “ena pá... deu qualquer coisinha ao homem, sim senhor! Mas vai correr mal... onde é que já se viu, fazer tantas alterações em simultâneo?!”; avolumar do resultado, “ eu não disse? O homem não percebe nada disto e (para não variar)... o Neres tem de ser titular (e metam também o Di Maria, o Carreras e o Bah, para além dos habituais Rafa e Cabral e, depois, anda lá o coitado do João a correr para tapar buracos e ainda dizem que o rapaz é indisciplinado taticamente e desequilibra a equipa! ‘Chiça penico’); 2ª parte menos intensa, “voltamos ao mesmo, não jogamos nadinha! Qualquer equipa vem à Luz e faz o que quer de nós”; substituições nos últimos minutos, “anda a gozar com os jogadores! Ele que vá mas é para a ‘meretriz que o deu à luz!’; fim do jogo, “vamos a Alvalade e ao Dragão e vamos levar poucas vamos! E em França, ainda por cima com a vitória do Toulouse no Mónaco, também vamos aviar! Que treinador miserável e que jogadores ‘daquela coisa castanha que cheira mal e que se faz, no WC, sentado na sanita’”.

Como diz o meu paizinho (que me fez feliz, ao fazer-me Benfiquista)... vão mas é pentear macacos!

Agora, realmente, é sempre a aviar, de perder o fôlego, mas sem perder o norte, firmes na luta e de olho nos títulos!

Benfica... SEMPRE!!!


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