Tiago Godinho
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24 Jun 2025 | 14:26

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Tiago Godinho

Um plantel com base sólida de jogadores formados no clube reforça a cultura benfiquista, reduz custos e liberta recursos para investir em atletas de qualidade


A última época desportiva ficará para a história do Sport Lisboa e Benfica como uma das mais marcantes no que à formação diz respeito. Pela primeira vez, o clube conquistou os três campeonatos nacionais de sub-15, sub-17 e sub-19 — um feito inédito, que representa inequivocamente a qualidade do trabalho desenvolvido no Seixal.


A estas conquistas somam-se o 4.º lugar da equipa B na 2.ª Liga, bem como a vitória na Taça Revelação pela equipa de sub-23. Este conjunto de resultados confirma que a formação encarnada é hoje uma das mais produtivas e organizadas da Europa.


Contudo, este sucesso precisa de se refletir de forma mais consequente no plantel principal.

Durante a época, 40 jogadores participaram em jogos oficiais da equipa principal. Entre os 20 mais utilizados, apenas três são formados no clube: António Silva, Tomás Araújo e Florentino. Outros nomes como João Rego (24.º mais utilizado), Samuel Soares (25.º) e Leandro Santos (28.º) tiveram apenas oportunidades esporádicas.

Neste contexto, é legítimo questionar: não teria sido mais vantajoso apostar em Leandro, ao invés de Kaboré ou em João Rego em detrimento de Amdouni?

Apesar da elevada qualidade da formação benfiquista nas últimas duas décadas — mérito das direções anteriores e da atual, que prosseguiu esse trabalho — essa excelência ainda não se traduz de forma sistemática no aproveitamento de talentos na equipa principal.

Em comparação, o Sporting CP, que tem sido superado pelo Benfica na qualidade da formação e cuja equipa B esteve na 3.ª Liga, conseguiu colocar cinco jogadores da formação no Top 20 dos mais utilizados da sua equipa principal.

O critério para jogar no plantel principal deve ser sempre a qualidade individual, independentemente da origem do jogador. No entanto, quando essa qualidade existe dentro de casa, é imperativo criar condições reais para os jovens crescerem e contribuírem no imediato e no futuro.

Apostar na formação não é romantismo. É eficiência desportiva e financeira: menor investimento em contratações, salários iniciais mais equilibrados, maior identificação com o clube, melhor adaptação dos reforços externos.

Propostas para um melhor aproveitamento da formação

- Reduzir o plantel principal para um máximo de 22 jogadores, abrindo espaço para a promoção de jovens talentos.

- Alinhar estrategicamente as equipas técnicas da equipa principal e da equipa B, garantindo que a B funcione como verdadeira alternativa.

- Evitar manter na equipa B jogadores sem potencial real para atingir a equipa principal.

- Utilizar preferencialmente jogadores dos sub-23 e juniores para colmatar necessidades da equipa B.

- Permitir saídas, por empréstimo ou em definitivo, de jogadores com potencial, mas sem espaço imediato, garantindo mecanismos de acompanhamento e cláusulas de recompra.

O exemplo de Diogo Nascimento, que saiu em definitivo em 2023 e hoje se destaca no Vizela, é claro: pode ser uma alternativa válida no plantel principal, se assim for vontade da estrutura.

- Garantir soluções para todos os jogadores que não permaneçam no clube durante a formação, ajudando-os na transição e reforçando o prestígio do Benfica como clube formador — criando respeito e gratidão por parte dos atletas que por cá passaram.

Conclusão, a aposta na formação deve basear-se em critérios objetivos de qualidade, mas também numa visão estratégica de sustentabilidade e identidade.

Um plantel com base sólida de jogadores formados no clube reforça a cultura benfiquista, reduz custos e liberta recursos para investir em atletas de qualidade inegável, verdadeiras mais-valias desportivas.

Finalizo este artigo com um desejo: que hoje, no Mundial de Clubes, o Sport Lisboa e Benfica consiga, pela primeira vez na sua gloriosa história, vencer o Sport Lisboa e Benfica da Alemanha — o Bayern Munique.

Seria a melhor forma de a equipa técnica e os jogadores demonstrarem que o episódio infeliz entre treinador e Kokçu está superado — e que o sonho de conquistar o 1.º Mundial de Clubes continua bem vivo.

Viva o Sport Lisboa e Benfica!


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