Carlos Janela
Biografiado Autor

13 Jan 2023 | 12:00

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Carlos Janela

A História ensina-nos que são os vencedores que têm o poder de escrever a história. Por isso, todos querem estar com os vencedores, ninguém quer nada com os derrotados.

Há muito que o Futebol deixou de ser uma modalidade desportiva para ser uma Indústria Global com índices de crescimento superior ao PIB de muitos países.


O Futebol é o espetáculo mais mediático do mundo. Um fenómeno de massas que estimula nos adeptos todo o tipo de reacções e sentimentos.

O Futebol tem características especificas que não se encontram em mais nenhuma actividade profissional, comercial e económica.


Refiro-me a factores como a paixão, a emoção e a irracionalidade dos adeptos que são os verdadeiros consumidores do produto futebol. E à fidelidade clubística. Os casais divorciam-se. As pessoas mudam de partido ou de religião, as pessoas compram produtos de marcas diferentes, mas o adepto nunca muda de clube.

E se as camisolas do seu clube se esgotarem, jamais pensará em comprar uma simples t-shirt de outro clube.


Em todas as áreas e níveis da actividade Futebol, o lado emocional convive e interfere diariamente com a gestão do negócio. Ao ponto de o principal aferidor da qualidade da gestão e dos gestores/dirigentes ser o sucesso ou fracasso desportivo da equipa que compete no campo.

Um clube/SAD pode ter supostamente os” melhores gestores” do mercado, mas não havendo vitórias no campo e títulos nas competições, todos estarão sob contestação e desconfiança.

Um erro na contratação do treinador e/ou falhas na formação do plantel, são suficientes para comprometer o sucesso desportivo e colocar em causa a estrutura dirigente.

No Futebol o volume do orçamento não é um factor determinante do êxito desportivo.

O futebol é a única modalidade desportiva susceptível de um sistema apostas múltiplas como o Totobola e Apostas online, etc. em que a grandeza dos orçamentos não determinam, nem o acerto no resultado de cada jogo, nem uma previsão exata da tabela classificativa final.

Em qualquer outro desporto, basta observar os números do orçamento de cada equipa para determinar com alto grau de probabilidade os resultados em cada competição.

Desde sempre, o futebol mobiliza multidões em todo mundo. Com o advento do mundo digital, o Futebol provocou uma grande mutação sociológica na sociedade mundial e tornou-se um espetáculo universal sem interrupções 24/24.

Há um incessante fluxo informativo diário e um grande desfile diário de comentadores, jornalistas, ex. jogadores, ex. treinadores, ex. dirigentes, etc. todas as semanas, antes, durante e depois dos jogos. Tudo é pretexto para se falar, discutir e opinar sobre o futebol.

Chega a parecer que os verdadeiros jogadores são aqueles que não jogam no campo. Mas não é verdade!

Veja-se o que acontece num país pequeno e com limitados recursos financeiros como Portugal - todos os canais de TV têm diariamente vários programas de informação, análise e debate sobre atualidade do futebol português e internacional.

Temos três jornais desportivos diários. Todas as rádios têm vários programas desportivos diários. Todos os jornais generalistas têm secções desportivas.

Temos jornais online, sites, blogs, etc.

Todos estes meios ocupam 98% dos seus espaços com …Futebol!

Os comentadores passaram a ser estrelas de televisão e cada programa de debate parece uma luta de gladiadores.

Toda gente quer ser protagonista do jogo e alguns fazem crer aos espectadores que “descobriram a pólvora”. Não descobriram!

Apesar da ilusão e percepções, os verdadeiros jogadores são todos aqueles que suam no campo – Jogadores, Treinadores, Árbitros e… os Adeptos que nas bancadas apoiam as suas equipas.

A História ensina-nos que são os vencedores que têm o poder de escrever a história. Por isso, todos querem estar com os vencedores, ninguém quer nada com os derrotados.

Com a introdução das Novas Tecnologias no Futebol, o VAR. Com aumento do escrutínio visual de cada lance. Com as sistemáticas campanhas pela Verdade Desportiva e pelo Fair Play no Desporto, inaugurou-se um tempo novo no Futebol, diabolizando a velha ideia de tentar “ganhar a qualquer custo”.

A nova ordem do Futebol no séc. 21 alterou o conceito de “poder”.

Antes, ter “poder” significava ter força “fora do campo”. Eram os expedientes, truques e as manobras de bastidores para influenciar e condicionar os resultados dos jogos a favor da sua equipa.

Não havia dirigente de clube que não se empenhasse em ter relações privilegiadas os responsáveis dos órgãos decisores do futebol – Federação, Liga, Conselhos de Disciplina, Justiça e Arbitragem.

E embora todos os intervenientes o desmintam publicamente, é um facto histórico indesmentível que o futebol português teve o seu “Vietname” e o seu “Iraque”.

Nem sempre ganhou o melhor!

Presentemente, um clube/SAD com um dono multimilionário, com um presidente com contactos privilegiados e influentes, com um CEO com boa reputação em gestão de empresas, um treinador de reconhecida capacidade e um grupo de jogadores com “nome e estatuto”, só tem um objectivo – Ganhar no campo de forma limpa e com mérito.

Até porque todos sabem que se a equipa não tiver bons resultados no campo, instala-se a desilusão e, muitas vezes, a contestação.

O campo do jogo, o palco, é o principal definidor da gestão de um clube/SAD.

Os jogos são jogados em espaços públicos, diante dos olhos dos espectadores nos estádios, e fora deles, através dos canais TV e das plataformas digitais.

O futebol não é cinema, onde as cenas se podem repetir para aperfeiçoar, e, onde entram os “duplos” para executar lances/cenas mais difíceis.

É importante sublinhar que no futebol real não há “duplos” para fazer de Presidentes, Treinadores, Jogadores ou Árbitros. Cada lance, gesto e decisão tem nome, apelido e consequências positivas ou negativas sem a possibilidade de repetição. Não há “takes”, como nas filmagens cinematográficas.

Por isso, quem deseja ter “poder”, ser reconhecido, ser respeitado, considerado uma referência, aumentar a tua estrutura de receitas, angariar mais sponsors e acrescentar valor, só tem uma solução - capacidade para ganhar jogos e títulos no campo.

Mesmo os árbitros, como parte imprescindível do futebol, são avaliados e valorizados pelo seu grau competência em defender a verdade desportiva e a integridade das competições.

No futebol actual, o grande poder não vem dos gabinetes, das trocas de favores, dos discursos bombásticos dos presidentes, dos blackouts, da propaganda, etc.

No futebol do século XXI, é o rendimento no campo e os títulos conquistados em cada competição que conferem o Poder aos vencedores.

Veja-se o caso português - Um país pequeno, com poucos habitantes, base reduzida de recrutamento, clubes/SADs com recursos financeiros limitados, sem qualquer apoio do sistema bancário, com uma exagerada carga fiscal, poucos espectadores nos estádios, uma mentalidade conservadora que leva a rejeitar investidores privados, baixo volume de receitas dos direitos televisivos e sponsorização, etc. – apenas consegue ter sucesso, reconhecimento e poder no primeiro mercado internacional devido, a) à alta qualidade de alguns dirigentes; b) treinadores que realizam milagres e impossíveis com recursos escassos; c) excelente qualidade na Formação de jogadores de elite, etc.

No futebol, o Poder vem do campo!

Termino com um exemplo concreto sobre o “poder do campo” – O caso Enzo Fernández esteve à beira de se tornar uma “crise explosiva”. De repente, um excelente jogador/profissional, cometeu uma grave infracção disciplinar que ofendeu o orgulho dos benfiquistas. Passou de bestial a besta. Foi Roger Schmidt com duas sublimes intervenções publicas sobre o caso e o rendimento positivo do jogador no campo do Varzim que restabeleceu a normalidade e a harmonia.

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Carlos Janela
Nuno Campilho

02 Jul 2025 | 02:00

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Dar o seu melhor

descansar é o mote, agora, pois em menos de um mês já estaremos a disputar a Supertaça, num registo non-stop que não está ao alcance de todos

Carlos Janela
Tiago Godinho

01 Jul 2025 | 14:19

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2024/25 – O Desfecho Esperado

Mínimos olímpicos. Sem capacidade para sonhar com mais. Um cenário previsível desde maio de 2024, quando escrevi que era preciso liderança

Carlos Janela
Bernardo Alegra

30 Jun 2025 | 19:13

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Primeiro o Benfica

Primeiro o Benfica é daquelas frases “la palacianas” para quem representa o Glorioso, mas que muitas vezes são pouco mais do que palavras

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