Pedro Brinca
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17 Dez 2022 | 09:15

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Pedro Brinca

Pode ser o que precisamos para que nos livremos da condição económica do nosso mercado doméstico e possamos voltar, de forma consistente, a lutar pela glória suprema na Europa.

No último artigo de opinião nesta coluna, foquei-me na necessidade de valorizar para vender, de forma a ter um nível de competitividade internacional no futebol que a realidade do nosso mercado doméstico não tem capacidade de sustentar. Decorre naturalmente a pergunta se o SL Benfica estará condenado a ser um clube fornecedor de jogadores para as equipas das ligas mais ricas e que sistematicamente atingem as fases mais adiantadas da Champions League, sem que consiga ser verdadeiramente um candidato a vencer a prova.


É bom lembrar que os três grandes representam cerca de 94,5% dos adeptos. É esta concentração de recursos que permite que um país de apenas 10 milhões de habitantes com fraco poder de compra consiga superar de forma sistemática outros países mais ricos e também com fortes tradições de futebol, como os Países Baixos e a Bélgica, nos rankings de clubes da UEFA.

A capacidade competitiva do SL Benfica está claramente limitada pela dimensão e poder de compra do país. É importante conseguir perceber que tendências e estratégias podem trazer uma mudança a este estado de coisas, de forma a sustentar uma capacidade competitiva que de forma continuada nos possa levar a ter mais do que uma mera hipótese académica de voltar a ser campeões europeus.


A expansão da Liga dos Campeões (UCL) pode ser uma oportunidade, desde que tenhamos a capacidade de continuar a participar todos os anos. Com o novo formato da UCL que irá começar em 2024, virão mais dois jogos na fase de grupos. Inicialmente eram para ser quatro, mas as pressões para um aumento mais reduzido, principalmente da Associação de Ligas Europeias, venceram. Percebe-se porquê. Com um calendário saturado, a expansão das competições europeias terá de ser feita à custa da redução da importância das competições nacionais.

Mas é precisamente a desigualdade do tamanho dos mercados em que cada liga se insere e o enorme peso que o mercado doméstico ainda tem na sustentação da competitividade internacional das equipas que faz com que haja o desequilíbrio competitivo que observamos sistematicamente na UCL. Desequilíbrio competitivo que não reflete a demografia da Europa. Se é verdade que para ativar 94,5% dos adeptos portugueses são precisos apenas três clubes, para ativar igual percentagem de adeptos do continente europeu, são precisos muitíssimos mais. O Bayern de Munique tem 20% dos adeptos alemães, mas menos de 5% dos adeptos do continente europeu.


Uma estratégia que maximize o potencial comercial e interesse de uma competição europeia tem de passar por um equilíbrio competitivo mais democrático. A UEFA tem feito isso mesmo na Liga Europa. A distribuição dos prémios têm diminuído o gap entre os que ganham mais e os que ganham menos. Entre 2019 e 2022, os prémios de participação cresceram 24% enquanto o montante máximo que um clube poderia receber apenas cresceu 10%. E isto claro para um clube que ganhasse todos os jogos, incluindo a final. Na UCL o aumento foi de 3% para ambos os casos, o que mesmo assim implica que, com exceção da equipa vencedora, a desigualdade relativa na distribuição de receitas diminuiu. Se esta for uma tendência que se mantenha, uma expansão das competições europeias será sempre benéfica para nós. Desde que, claro, consigamos ter a capacidade de manter a performance competitiva que temos demonstrado desde a criação da UCL e consigamos continuar a estar entre os melhores.

Ninguém quer um projeto de Superliga fechado, assente em franchises à la NBA onde equipas mudam de cidade conforme os interesses comerciais, divorciado do ADN desportivo europeu, porque a visão romântica que uma equipa que está hoje nos distritais poder um dia disputar a final da UCL tem de ser respeitada. Porque o futebol na Europa é tribal e identitário. Mas uma Superliga que respeite a tradição europeia pode ser o que precisamos para que nos livremos da condição económica do nosso mercado doméstico e possamos voltar, de forma consistente, a lutar pela glória suprema na UCL.

+ opinião
Pedro Brinca
Nuno Campilho

24 Jul 2024 | 16:47

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Modelos de gestão

Gostariam que fosse de outra forma? Pois… também eu, mas prefiro optar por ser realista, dói menos.

Pedro Brinca
João Diogo Manteigas

23 Jul 2024 | 10:27

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Corte a ... Direito: Vai ficar tudo bem ...

Com base em contas de merceeiro atendendo à falta de acesso a informação fidedigna, parece-me crucial entrar nos cofres da SAD um valor a rondar 80 milhões de euros

+ opinião
Tozé Santos e Sá
Tozé Santos e Sá

APONTAMENTO – Vermelho e Branco: Não dá para vender Rui Costa?

Num clube onde se vende tudo, à primeira oportunidade, o parceiro estratégico não quer mais uns 10% ou quem sabe 680% ou 980%.?

26 Jul 2024 | 08:59

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Nuno Campilho
Nuno Campilho

Modelos de gestão

Gostariam que fosse de outra forma? Pois… também eu, mas prefiro optar por ser realista, dói menos.

24 Jul 2024 | 16:47

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João Diogo Manteigas
João Diogo Manteigas

Corte a ... Direito: Vai ficar tudo bem ...

Com base em contas de merceeiro atendendo à falta de acesso a informação fidedigna, parece-me crucial entrar nos cofres da SAD um valor a rondar 80 milhões de euros

23 Jul 2024 | 10:27

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