Hoje gostava de estar aqui a escrever sobre a montanha-russa que tem sido a liga portuguesa, a atração para o abismo do Benfica

Hoje gostava de estar aqui a escrever sobre a montanha-russa que tem sido a liga portuguesa, a atração para o abismo do Benfica, que sempre que pode ficar dois passos à frente dá um passo atrás.

É sem dúvida das épocas em que a frase “o futebol é o momento” mais faz sentido, tantos têm sido os altos e baixos que em poucos dias destroem qualquer prognóstico que o último jogo nos possa sugerir.

Este domingo estava montado o cenário para um dia perfeito no Estádio da Luz:

- O Benfica vinha de uma exibição categórica e resultado histórico na casa do seu maior rival, fechando um ciclo de nove vitórias consecutivas na Liga, premiadas com a primeira posição isolada;

- A meio da semana fechou a presença na final da Taça de Portugal, uma prova tão querida dos adeptos e tão maltratada pelo Benfica que nos últimos 20 anos ganhou apenas três;

- No intervalo celebrou-se o merecido penta da equipa feminina, marcou-se o regresso a casa do mais benfiquista de todos os italianos, e celebrou-se o aniversário do eterno José Augusto;

Isto tudo presenciado por mais de 61 mil adeptos primeiro confiantes, depois nervosos e no final desiludidos.

O meu estado de espírito seria igual ao de qualquer um destes adeptos, mas houve algo que me marcou mais do que todos estes incidentes: antes do pontapé de partida fez-se um minuto de silêncio por um símbolo do Sporting e do futebol nacional. Alguém que fez muito por muitos jovens e pelo futebol português e que merece o nosso incondicional respeito.

Mais de 61 mil pessoas respeitaram o momento e perto do final aplaudiram o fantástico legado de Aurélio Pereira, mas pelo meio, meia dúzia de energúmenos resolveram imitar o assobio de foguetes, relembrando a todos que, na cabeça dessa gente, um dos episódios mais negros da nossa instituição deve ser celebrado como se de um troféu se tratasse.

Infelizmente é um ato useiro e vezeiro que, apesar de ser perpetrado por meia dúzia, não se conhece que alguma vez o Benfica tenha feito alguma coisa para o evitar. Com tantas câmaras não se consegue identificar estas pessoas e expulsá-los para sempre dos estádios de futebol? Porque de nada serve que eu e outros nos indignemos em pleno estádio. Eles não querem saber. Como não querem saber que o clube pague multas milionárias ou deixe de ter adeptos em jogos europeus, para que possam lançar os seus fuminhos.

Tenho vergonha, muita, não apenas do Benfica ter adeptos com estes comportamentos como, sobretudo, tantos anos passados, nunca ter visto uma atitude do Benfica para acabar com esta vergonha.

Vergonha por perceber que hoje vamos, mais uma vez, ser destacados como os adeptos que celebram a morte de adeptos rivais por meios de comunicação e jornalistas que ajudarão a colar este rótulo à nossa pele, como se todos nos identificássemos com estes comportamentos. Um rótulo tão sujo que dificilmente sai.

Para o pouco que serve, aqui fica a minha indignação e pedido de desculpas a todos os que, justificadamente, se sentem ofendidos com este comportamento.