Bernardo Alegra
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13 Set 2023 | 12:21

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Bernardo Alegra

Não quero ser alarmista, até porque estamos numa boa situação para fazer este trabalho de introspeção, mas haverá vontade de quem gere e interesse por parte de sócios e adeptos?

A leitura do Relatório e Contas da Benfica SAD desvenda muita informação relevante e curiosa como o patrocínio da Mon Lit Cabane, ainda que não em que termos, ou por que valores, a realização do torneio de Padel Corporate a 25 e 26 de Fevereiro, e que a comunicação tem uma estratégia com quatro eixos fundamentais em que nenhum é “sócios” e “adeptos”.


Já saber em concreto quais são os objetivos definidos que nos farão pagar mais 5 milhões de euros por Arthur Cabral ou receber mais 15 pelo Gonçalo Ramos, ninguém sabe. Nem tampouco o que compõe o variável de 40% de Domingos Soares Oliveira.

Mas o Relatório e Contas é, sobretudo, útil para perceber o rumo definido pela atual administração da SAD e, se seria interessante e até importante conhecer respostas a outras perguntas, é fundamental discutir se este caminho, traçado há mais de uma década, é o que colocará o Benfica numa posição mais competitiva mais favorável face aos seus principais concorrentes.


O rumo definido passa, de uma forma simplista, por considerar certas receitas incertas (UEFA) e obrigatórias as receitas extraordinárias (Jogadores).

O Benfica tem um défice de operação crónico que nem um ano excecional como o último, com mais de 170 milhões de euros realizados em vendas, receitas históricas da UEFA e aumento de receitas sensíveis ao sucesso desportivo (bilhética, patrocínios, merchandising...), consegue resolver.


Veja-se o exemplo deste ano que agora fechou: se descontarmos as receitas líquidas com jogadores, de 88,9 milhões de euros, e os 74,3 milhões de euros em receitas da UEFA o Benfica teve receitas operacionais de 121,5 milhões de euros. E o que temos do outro lado? 206,4 milhões de euros! Leram bem. A Benfica SAD tem um défice operacional de 84,9 milhões de euros, a que acrescem 17,5 milhões de euros de juros a suportar sobre os 170 milhões de euros de empréstimos suportados pela SAD.

Não deixa de ser curioso que o Benfica suporte estes custos astronómicos com a banca portuguesa, a mesma que perdoou 70% da divida bancária a um dos seus principais adversários sem que isso provocasse a mais pequena indignação, a não ser em alguns adeptos mais atentos.

Poder-me-iam dizer que foram anos difíceis e que não havia alternativa, mas não foi assim. O Benfica é ano após ano o campeão mundial de vendas, título que muito orgulha administradores e alguns jornais, mas que cada vez menos diz aos adeptos, que vêm sair em cascata os seus melhores ou mais promissores jogadores, para pagar um modelo de negócio que vive de um círculo vicioso, sem sustentabilidade a médio e longo prazo.

Esta discussão, chata e que não deverá interessar a 99% dos adeptos do Benfica, é central para o que realmente lhes interessa: um clube saudável e com uma diferença competitiva cada vez maior face aos seus principais concorrentes.

Não sou ingénuo ao ponto de pensar que vamos conseguir segurar todos os nossos melhores jogadores ou promessas. Hoje, mais do que nunca, a pressão de todos os que envolvem os jogadores, alavancada pelos milhões de campeonatos com outro poder de compra, implica que alguns destes tenham mesmo de sair anualmente.

Mas fazê-lo numa situação de necessidade é bem diferente do que estando numa situação saudável, sem depender dessas receitas como dependemos hoje. Essa necessidade, por todos conhecida, deixa-nos com menos força negocial, não só face ao comprador como a todos os intermediários que os rodeiam.

A gestão do Benfica precisa de um outro rumo e política e, já agora, de mais transparência, sobretudo através da consolidação das contas de todas as empresas do universo Benfica, para que se perceba com maior profundidade o que pagam rubricas como os Fornecedores e Serviços Externos associados a empresas do grupo, ou o Licenciamento de Marca pago ao Clube.

Parece razoável ter 140 colaboradores numa empresa que fatura quase 300 milhões de euros por ano. Mas quantos mais são pagos pela SAD nas restantes empresas do grupo?

Não quero ser alarmista, até porque estamos numa boa situação para fazer este trabalho de introspeção, mas haverá vontade de quem gere e interesse por parte de sócios e adeptos?

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Bernardo Alegra
Tiago Godinho

11 Jan 2025 | 15:17

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Cumprir o nosso destino

Por vocês, pelos treinadores, pelos dirigentes, pelos funcionários do clube - que não vos deixam que nada vos falte -, pelos adeptos, mas acima de tudo e de todos, pelo SPORT LISBOA E BENFICA!"

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