Nuno Campilho
Biografiado Autor

20 Ago 2025 | 08:00

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Nuno Campilho

Médio colombiano representou um investimento significativo, numa altura em que o plantel encarnado precisava de acrescentar qualidade e soluções


A contratação de Richard Rios pelo Benfica gerou, desde logo, expetativas elevadas, não só, mas também, pelas dificuldades que tal encerrou e pelos valores envolvidos. O médio colombiano representou um investimento significativo, numa altura em que o Benfica precisava de acrescentar qualidade e soluções a uma zona do terreno que é fulcral e de onde viu sair Kӧkçü, um titular indiscutível, além do fim do empréstimo de Renato Sanches.


Porém, as primeiras semanas de Rios de águia ao peito não foram imunes a críticas, muitas delas centradas em algumas debilidades que têm vindo a ser expostas em campo: posicionamentos defensivos algo erráticos, perdas de bola em zonas perigosas e uma aparente dificuldade em adaptar-se ao ritmo exigente do futebol português, como, aliás, ficou bem patente no encontro na Amadora, de onde os três pontos saíram a custo, mas com o sabor de uma vitória fundamental neste inicio de época na Primeira Liga, e que me apraz registar como é comum dizer-se, “é assim que se fazem campeões” (embora também convenha ter o resto, mas já lá vamos).


Perante o valor da sua transferência, torna-se natural que os adeptos e a opinião pública (de entre ela, os habituais detratores do Benfica, e que não são só de fora) esperem impacto imediato (ou não, consoante os adeptos).

Convenhamos que é esse o peso que recai sobre qualquer jogador contratado por verbas consideráveis - ainda para mais num clube como o Benfica, habituado a ver as suas contratações (e não contratações) discutidas ao detalhe. No entanto, reduzir Richard Ríos às falhas recentes é ignorar a outra parte da história, como, aliás, já vem sendo um hábito de mentes pequenas e tacanhas e de pensamentos redutores (se é que podem ser definidos como pensamentos, pois isso implica pensar).

Apesar das críticas, o colombiano tem revelado qualidades que justificam aquilo que o caracteriza e que motivou a sua contratação.

Ríos é um médio com grande capacidade física, intensidade nos duelos e uma disponibilidade de jogo que lhe permite cobrir grandes zonas do terreno. O seu perfil de jogador “box-to-box” oferece ao Benfica uma dimensão que nem sempre esteve presente no plantel nos últimos anos: energia constante, capacidade de transição rápida e agressividade na recuperação da bola.

Para os mais distraídos, era isso tudo e mais “um par de botas” que motivava discussões acesas, sobretudo entre adeptos benfiquistas. Mas, mais importante que isso, era aquilo que falhava na transição defensiva, a incapacidade de vencer duelos e ganhar segundas bolas e a “ratice” para parar o jogo ofensivo adversário, nem que fosse com o recurso a faltas. Todos, certamente, estarão lembrados do jogo, na Luz, frente ao Barcelona e da final da Taça de Portugal… e o Lage é um deles, por isso foi dizendo o que disse e terá estado, certamente, no epicentro desta contratação.

A verdade é que, em vários momentos, já deixou sinais claros do que pode acrescentar à equipa. Bem sei que muitos julgarão ser um acaso termos feitos os quatro primeiros jogos oficiais da época sem sofrer golos, mas, o que é um facto é que, em jogos mais partidos (como se viu em Nice e na Amadora), a sua presença é fundamental para equilibrar o meio-campo, permitindo que os criativos assumam mais riscos (podem perguntar que criativos, eu mereço).

Além disso, a margem de progressão é evidente: trata-se de um jogador ainda bastante jovem, em processo de adaptação a um novo país, a um novo campeonato (com um ritmo bem diferente daquele que se joga no Brasil) e a um clube de enorme exigência como é o Benfica.

Mais do que a espuma do tempo atual, importa perceber a importância que Richard Ríos pode ter ao longo da época. O calendário é longo e exigente, as competições sucedem-se, e o plantel precisará de profundidade e consistência.

Ríos, pela sua versatilidade e intensidade, pode vir a ser peça-chave em momentos decisivos, seja para segurar resultados em jogos de maior risco, seja para dar fôlego à equipa quando a fadiga se fizer sentir. Como já aqui escrevi, tem tudo para que a equipa jogue em torno dele, mas, não necessariamente, em função dele.

É legítimo apontar-lhe erros (até porque os comete), mas é igualmente justo reconhecer-lhe o potencial e a utilidade. Richard Ríos não chegou para ser solução imediata de todos os problemas do Benfica (embora até pareça… o peso da responsabilidade, de facto…), mas para acrescentar qualidade e opções a um plantel que precisa de diversidade de perfis e que, temos de ser sérios e honestos, precisava de um jogador com estas características e tanto que alguém assim era desejado… e agora já não serve? Deem-lhe o mesmo tempo que deram ao Herrera, quando chegou ao Porto (padecia de “males” idênticos) e, certamente, não se irão arrepender, pois, à semelhança do que já escrevi sobre o Barrenechea, é como o algodão, não engana.

Com tempo, confiança e trabalho, tem todas as condições para se tornar num jogador decisivo no Benfica, versão 25/26.

No futebol, a paciência é cada vez mais curta (se é que existe), mas talvez seja esse o maior desafio: dar espaço e tempo para que um jogador com as características de Rios se imponha e confirme que, afinal, o investimento pode vir a ser não só compreensível, como verdadeiramente determinante, ao ponto de se valorizar enormemente e fazer esquecer tudo aquilo que de negativo tem vindo a ser dito e escrito sobre o jogador. Memória seletiva…

Venha daí o Fenerbahçe, agora, pois bem precisamos de motivação e de entrar na fase de grupos da Liga dos Campeões, caso contrário, os Ríos de dinheiro depressa se transformarão em Rios de lágrimas.

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