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Muita tinta tem corrido sobre a questão dos Estatutos a serem aprovados na próxima Assembleia Geral do Benfica para retificar tudo antes do início da corrida eleitoral, que irá culminar nas eleições que irão decorrer no próximo mês de outubro. No entanto, surgiu uma nova polémica sobre este tópico: uma possível ilegalidade e há quem tente esclarecer este tema ‘bicudo’.
No texto de opinião, publicado no jornal ‘A Bola’, Gustavo Silva, advogado e antigo diretor jurídico do Benfica, procurar esclarecer esta situação. “Procurando simplificar o tema para o que importa em concreto, o que está em discussão gira em torno do artigo 66.º, n.º 2, alínea e) da proposta dos novos estatutos onde se prevê, em suma, que compete à Direção do Clube garantir que a maioria dos elementos do Conselho Fiscal da Sport Lisboa e Benfica — Futebol SAD (Benfica SAD) sejam membros do Conselho Fiscal do Sport Lisboa e Benfica”, começou por contextualizar.
No que diz respeito à proposta feita pela direção do Clube da Luz, o advogado afirma que a mesma se esbarra na ilegalidade, uma vez que não cumpre, na sua totalidade, os requisitos necessários. “No referido entendimento, embora não totalmente concretizado, essa independência estaria posta em causa pelo facto de os referidos membros do conselho fiscal «atuarem em nome ou por conta» do SLB, dado este titular de uma participação (bem) acima dos referidos 2 por cento”, acrescentou Gustavo Silva.
No entanto, avisa que esta situação tem de ser encarada com cautela. “A questão é muito específica e uma provável novidade em termos jurídicos. Não obstante, com a cautela e reserva que tal merece, e percebendo os argumentos e relevância da questão suscitada, tudo ponderado, com o devido respeito por opiniões divergentes, sou levado a crer que não existirá violação da referida previsão do Código das Sociedades Comerciais, nem sobretudo se coloca em causa o que a norma legal visa proteger: a independência dos membros do Conselho Fiscal da SAD (e consequente protecção dos accionistas minoritários)”, adiantou o antigo diretor encarnado.
Por fim, Gustavo Silva acredita que esta proposta não irá seguir em frente. “Quanto à proposta de estatutos, creio que talvez não exista um associado que esteja integralmente de acordo com todos os pontos aí previstos. Eu certamente não estou. Mas é essa a força da democracia participativa e do associativismo do SLB. Existe uma ou outra incongruência? Sim, como a questão do voto das filiais. Existe uma ou outra dúvida interpretativa? Sim, como a que abordámos. Contudo, a vontade dos sócios foi expressa, com a virtude da democracia a sobrepor-se a eventuais imperfeições”, completou.
Durante o dia de ontem, 10 de março, cinco testemunhas foram ouvidas sobre o caso que envolve o Clube da Luz e Rui Pinto, no Juízo Central Criminal de Lisboa
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Todas as cinco testemunhas que foram ouvidas na nova sessão do processo tiveram, na altura em decorreram os crimes, ligações institucionais com o Benfica. Destacando dois nomes, o antigo diretor financeiro das águias, Miguel Moreira e o ex-diretor de comunicação, Luís Bernardo.
Na altura do seu depoimento, o antigo dirigente, responsável pelo departamento financeiro do Clube da Luz, revelou que os ataques informáticos foram prejudiciais. “Há todo um impacto reputacional e também económico em relação ao segredo de negócio. É uma vantagem competitiva que se perdia perante os nossos concorrentes. Há ainda um impacto pessoal, para a própria organização, com preocupações futuras informáticas ou jurídicas”, começou por dizer Miguel Moreira.
Já Luís Bernardo, antigo diretor de comunicação, recordou os tempos difíceis que os encarnados enfrentaram: “O Clube quase paralisou. Aqueles três primeiros meses foram muito difíceis. Foi criado uma espécie de 'gabinete de crise'. A própria direção paralisou. Tivemos um momento de choque e avaliação, que durou cerca de três meses”.
Sobre as medidas tomadas depois dos ataques informáticos, o ex-diretor de comunicação revelou que o Benfica teve de fazer certas mudanças. “O Clube ficou um pouco paralisado, porque a sua atividade estava mais centrada nisto. Mudou os seus hábitos e teve reflexos nos resultados desportivos. Após quatro anos seguidos a ganhar, o Benfica estava à frente e começou a perder pontos”, vincou Luís Bernardo.
Denúncia deu entrada na justiça no passado mês de outubro e o organismo responsável deu início à investigação que visa o Clube da Luz
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O Ministério Público, órgão responsável pelo encaminhamento e realizações dos processos judiciais em Portugal, abriu recentemente uma investigação que visa os negócios celebrados entre o Benfica e o Valência. Ao que o Record apurou, a denúncia foi feita em outubro, por Miguel Zorío, vice-presidente do emblema espanhol entre 2009 e 2010.
A notícia foi avançada pelo jornal espanhol ‘El Diario’, que revelou um documento, neste caso um e-mail, onde o Ministério Público confirma o início da dita investigação. O mesmo documento, enviado a Miguel Zorío, a 18 de fevereiro, também foi consultado pelo Record.
O ex dirigente valenciano, recorde-se, fez uma denúncia por alegados crimes de corrupção internacional e branqueamento de capitais, entre outros, contra as SAD do Benfica e Valencia, o empresário Jorge Mendes e os auditores das duas sociedades. Em causa estão as transferências de Rodrigo Moreno, André Gomes, João Cancele Enzo Pérez para o emblema espanhol e no sentido inverso, a chegada de Jonas ao Clube da Luz.
Na altura em que fez a denúncia, Miguel Zorío prestou declarações ao Record, onde abordou o tema. “É claríssimo que o Valencia colocou no Benfica quase 100 M€. Mais de metade desse dinheiro perdeu-se pelo caminho. O Benfica, em 2014, estava muito mal economicamente. Com a compra do Valencia por Peter Lim e Jorge Mendes, utilizou-se o dinheiro do Valencia para salvar o Benfica”, contou o antigo vice-presidente valenciano.
Em conversa com o jornal, Zorío garantiu que Peter Lim sabia do que estava a fazer: “Sabiam como movimentar o dinheiro fora dos circuitos legais”. Apresentando um cenário de como o dinheiro era movimentado: “Rede de empresas de offshore que já tinham sido criadas”.
Antigo candidato do Clube da Luz recorreu às redes sociais para congratular-se com o desfecho da Assembleia Geral para aprovar o documento
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Durante o mês de fevereiro, a imprensa nacional adiantou que Noronha Lopes estaria a ponderar uma possível candidatura à presidência do Benfica. Depois da realização da Assembleia Geral de sábado, 8 de março, a ideia de que o antigo candidato irá mesmo entrar na corrida eleitoral ganhou mais força depois da sua publicação, onde reagiu ao desfecho da revisão dos Estatutos.
O Benfiquista, que saiu derrotado nas eleições de 2020, as mais concorridas da história do Clube da Luz, publicou na rede social Instagram, uma mensagem a congratular-se com o desfecho da Assembleia Geral. O possível candidato ‘aplaudiu’ a participação dos quase 8 mil Sócios no Pavilhão da Luz.
Recorde-se que desde setembro do ano passado que o Clube da Luz tentava, sem sucesso, aprovar os novos estatutos, com vista às regulamentações necessárias para as eleições presidenciais que irão decorrer no próximo mês de outubro. Na sua conta oficial de Instagram, o Benfiquista saudou a decisão tomada pelos sócios presentes na reunião. “E o Benfica ganhou”.
Noronha Lopes - Grande vitória de todos os que acreditam num clube melhor e mais democrático
Na publicação pode ler-se a seguinte mensagem, “Grande vitória de todos os que acreditam num clube melhor e mais democrático. Viva o Benfica!”, escreveu Noronha Lopes. Recorde-se, que depois de quatro anos em silêncio, nos últimos dias falou por três vezes aos Benfiquistas: a 28 de fevereiro, na passada sexta-feira, véspera da AG, e este domingo, dia a seguir à aprovação dos estatutos.
Confira aqui a publicação de Noronha Lopes: