Pedro Brinca
Biografiado Autor

14 Jan 2023 | 12:00

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Pedro Brinca

Mas nem tudo são rosas. A UEFA levanta vários obstáculos à participação de equipas do mesmo grupo económico nas mesmas provas, por razões óbvias, o que limita muitas destas sinergias.

Têm sido recorrentes as alusões de Domingos Soares de Oliveira à possibilidade de o SL Benfica comprar um clube. Por detrás destra estratégia estará, segundo declarações do próprio, o desejo de aumentar a geração de receitas fora de portas e aumentar a nossa capacidade de acesso ao talento estrangeiro.


A existência de grupos económicos com vários clubes em carteira é uma realidade cada vez mais presente. O City Group por exemplo, é uma verdadeira multinacional de clubes de futebol, tendo no seu portfolio o Manchester City, New York City, Melbourne City, Yokohoma F. Marinos, Montevideo City Torque, Girona FC, Sichuan Jiuniu, Mumbai City FC, Lommel SK, Esperance Sportive Troyes Aube Champagne e Clube Bolivar. Outros incluem mesmo clubes de desportos diferentes – como o Redbird Capital Partners que para além de serem proprietários de clubes como o Toulouse e o Liverpool, têm também os Boston Red Sox, equipa histórica norte-americana de baseball.

Mas que benefícios têm estes grupos em integrar múltiplos clubes de futebol num só grupo económico? O Manchester City recebeu um jogador do Melbourne City (ambos os clubes do City Group) a custo zero que nunca jogou pelos citizens mas que foi vendido por 10 milhões de libras. Essa mais valia contou para as contas do fairplay financeiro do Manchester City. Apesar de ser um artifício contabilistico desenhado para contornar as regras de fairplay financeiro, o princípio está lá: a integração de múltiplas entidades dentro de um mesmo grupo permite a partilha estratégica dos recursos.


Mas permite muito mais. A literatura economia é extensa relativamente ao tema da integração horizontal – o termo usado pelos economistas quando organizações compram outras com modelos de negócio semelhantes. Permite a diversificação das receitas, o que leva a uma diminuição da volatilidade e risco. Permite economias de escala através da concentração de serviços: será muito mais barato ter um departamento de scouting que sirva dois clubes, do que dois departamentos de scouting independentes. O mesmo se pode dizer de departamentos médicos, de marketing etc. A integração, mesmo que parcial, dos serviços leva a uma redução dos custos totais e consequentemente ao aumento do valor total das duas instituições.

Mas nem tudo são rosas. A UEFA levanta vários obstáculos à participação de equipas do mesmo grupo económico nas mesmas provas, por razões óbvias, o que limita muitas destas sinergias. Em 2017, o UEFA’s Club Financial Control Body (CFCB) permitiu a participação simultânea do RB Salzburg e do RB Leipzig na Champions League, após uma recomendação inicial de que o RB Leipzig fosse excluído da competição. Mas obrigou a que a Red Bull limitasse as operações entre os dois clubes, e consequentemente até as transferências de jogadores – que tinham sido muitas até à data, com Dayot Upamecano e Naby Keita as mais mediáticas – diminuíram de forma acentuada.


O SL Benfica não é um grupo económico. É um clube desportivo cujo objetivo passa, por via dos seus estatutos, pelo fomento e a prática de futebol e outras modalidades desportivas, e por proporcionar aos seus associados meios de convívio social, desportivo, recreativo e cultural. Um clube que por via da sua história, está orientado para as glórias desportivas. A aquisição de um clube desportivo estrangeiro pode ser um meio que nos ajude no atingir desses desígnios mas também é importante estar bem ciente dos problemas que se levantam. Existem outros desafios para além dos que aqui referi. Desde logo na parte da captação de talento. É importante identificar os determinantes da capacidade de contratação do melhor talento local – principalmente na formação, o segmento em que temos mais vantagens comparativas - e perceber até que ponto são possíveis de atingir. Em suma, é uma opção estratégica interessante mas que pede um racional estratégico mais complexo que as duas frases partilhadas num periódico desportivo e que os sócios merecem que lhes seja dado.

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Pedro Brinca
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