Tânia Tadeu
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13 Nov 2025 | 09:36

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Tânia Tadeu

João Noronha Lopes perdeu menos pelas ideias e mais pela forma. A sua comunicação nunca conseguiu rivalizar com a emoção e o simbolismo de Rui Costa.


As mais recentes eleições do Sport Lisboa e Benfica mostraram a vitalidade e o peso democrático do Clube, mas também deixaram um alerta: a comunicação e imagem, mais do que os próprios programas, dossier de obras ou contas, tiveram um peso enorme na definição das perceções e na mobilização dos Sócios.


Estas eleições mostraram que não foram apenas um confronto de programas, mas sobretudo uma batalha pela legitimidade simbólica: quem representa melhor o Clube, quem comunica o verdadeiro “espírito encarnado”, quem transmite confiança e autoridade, e aí, Joao Noronha Lopes perdeu em quase todas as frentes.


O que lixou João Noronha Lopes?

Acredito que mais do que disse, foi como disse e contra quem o disse. Enfrentou um adversário com enorme capital emocional, apoiado por uma estrutura poderosa, e falhou em transformar uma boa mensagem em emoção coletiva e em confiança. No Sport Lisboa e Benfica, o coração ainda fala mais alto que a razão, e o Rui Costa soube falar melhor essa língua.

Campanha longa e desgastante. A segunda volta prolongou o processo e beneficiou quem tinha mais meios e estrutura para manter ritmo e presença. Rui Costa resistiu ao desgaste, Noronha Lopes perdeu tração.

O legado e a carga simbólica de Rui Costa. A aura de antigo capitão e símbolo do Clube tornou qualquer ataque difícil de sustentar sem parecer desrespeitoso. Noronha Lopes tentou fazer uma oposição firme, mas teve de medir as palavras — e isso tirou-lhe espaço político e comunicacional.

Falta de ligação emocional às antigas glórias. No Sport Lisboa e Benfica, o apoio das antigas referências do Clube tem um peso real. Rui Costa contou com a maioria e Noronha Lopes, apesar de ter do seu lado inúmeras figuras mediáticas, eram em grande parte, pessoas mais jovens e sem a dimensão emocional ao Clube.

A força da “máquina Benfiquista”. Rui Costa beneficiou de toda a força da máquina Benfiquista, uma estrutura institucional sólida, apoiada nas Casas do Benfica, em redes internas bem articuladas, numa comunicação coesa e num peso simbólico que Noronha Lopes nunca conseguiu igualar. A sua condição de “homem da casa”, com uma ligação de décadas ao Clube, criou uma identificação emocional impossível de contrariar apenas com argumentos racionais.

Imagem de “outsider” sem rede interna. Apesar da notoriedade conquistada nas últimas eleições, Noronha Lopes nunca conseguiu criar uma base sólida de apoio dentro da estrutura. Era visto como um candidato “de fora”, sem raízes nos corredores da Luz. Isso gerou desconfiança em quem valoriza a continuidade e teme ruturas bruscas.

O trauma Vale e Azevedo. No Benfica, há feridas que ainda não sararam. O fantasma do “vale-e-azevedismo” continua presente, e por isso, qualquer figura externa que se apresente em nome da rutura é recebida com desconfiança. Rui Costa soube ler esse sentimento e capitalizou o instinto de defesa do próprio Clube.

Campanha fria e sem alma. O principal adversário de Rui Costa fez uma campanha sólida, mas demasiado cerebral. Tinha ideias, tinha método, mas faltou-lhe alma. Falou para convencer, não para inspirar. Num Clube onde a emoção fala mais alto que a razão, a técnica pura raramente conquista.

O episódio das mensagens institucionais. A polémica com o envio de comunicações da Direção às Casas do Benfica, interpretadas como propaganda disfarçada, gerou ruído e indignação, mas acabou por não mudar o essencial. Os sócios condenaram a forma, mas votaram com o coração. No fim, o episódio serviu mais para acentuar a perceção de que a estrutura estava com Rui Costa do que para gerar viragem a favor de Noronha Lopes.

Falhou o timing. Noronha Lopes quis ser o candidato da mudança, mas provavelmente chegou demasiado cedo. Os Sócios ainda não estavam preparados para romper com o passado e a maioria preferiu a segurança da continuidade.

Imagem pouco carismática. Nos debates, Noronha Lopes ganhou na forma e no argumento, mas perdeu na alma e na empatia. Foi o candidato mais lúcido, mas também o menos sentido. Faltou-lhe aquele elemento de “pertença” que os adeptos valorizam nos rostos ligados ao Clube. Rui Costa é encarado como um homem da casa e isso continua a ser um obstáculo num Clube onde o símbolo fala mais alto do que o currículo.

João Noronha Lopes perdeu menos pelas ideias e mais pela forma. A sua comunicação, racional e pouco emocional, nunca conseguiu rivalizar com a emoção e o simbolismo de Rui Costa. Faltou-lhe rede interna, narrativa emocional e tempo político. Falou à razão quando os adeptos votaram com o coração. E nem a fraca performance desportiva fez com que os Sócios quisessem uma mudança. A imagem (ou falta dela) pesou mais do que o próprio projeto.

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Tânia Tadeu
Tânia Tadeu

13 Nov 2025 | 09:36

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O que 'lixou' João Noronha Lopes?!

João Noronha Lopes perdeu menos pelas ideias e mais pela forma. A sua comunicação nunca conseguiu rivalizar com a emoção e o simbolismo de Rui Costa.

Tânia Tadeu
Bernardo Alegra

07 Nov 2025 | 07:26

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Que futuro, Benfica?

E para onde vai? Tenho poucas duvidas que não será nos próximos quatro anos que vamos ver o Benfica a reverter este ciclo negativo.

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Tânia Tadeu
Tânia Tadeu

O que 'lixou' João Noronha Lopes?!

João Noronha Lopes perdeu menos pelas ideias e mais pela forma. A sua comunicação nunca conseguiu rivalizar com a emoção e o simbolismo de Rui Costa.

13 Nov 2025 | 09:36

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Bernardo Alegra
Bernardo Alegra

Que futuro, Benfica?

E para onde vai? Tenho poucas duvidas que não será nos próximos quatro anos que vamos ver o Benfica a reverter este ciclo negativo.

07 Nov 2025 | 07:26

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Tozé Santos e Sá
Tozé Santos e Sá

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