Pedro Jerónimo
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28 Dez 2025 | 20:18

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Pedro Jerónimo

Empate a duas bolas no reduto do Braga deixa comandados de José Mourinho praticamente arredados da luta pelo título de campeão


Após a época Natalícia, vinha um verdadeiro teste de fogo para os comandados de José Mourinho. Uma deslocação a Braga, para defrontar a equipa local, a qual tem alternado entre o muito bom e a roçar o fraco, dadas as aspirações. Contudo e sendo o adversário o Glorioso, não se poderia esperar senão a melhor versão dos bracarenses. 


Benfica impedido de perder pontos, especialmente nesta fase, onde distar mais do que os atuais 8 pontos, seria um enterrar definitivo do machado. 


Em termos de onze, apenas uma alteração face ao último jogo contra o Famalicão, regressando Barreiro para o lugar de Prestianni. Procurava Mourinho dar aquela solidez no bloco intermédio e também aumentar a capacidade de pressão alta. Hoje, teria de ser a melhor versão da era Mourinho, o que vimos frente ao Nápoles e Moreirense e até diria, da segunda parte frente ao Sporting. Um Benfica coeso, com o bloco a trabalhar bem junto e esperar que depois as individualidades contribuam e desbloqueiem a partida.

Início da partida e o Benfica a tentar ter bola, mas era do Braga o primeiro aviso com perigo, primeiro num remate exterior, a obrigar Trubin a estirada para canto e, na sequência do mesmo, num ressalto do cruzamento, Moutinho falha a baliza, atirando por cima.

Meio campo do Braga estava a superiorizar-se ao das águias, mais rápidos na reação à perda. Enzo, sabido por não ser um jogador ágil, passava por ele os principais turnovers dos lances dos visitantes e era esta falta de velocidade e reação, que fazia pender a balança para os homens da casa nos primeiros 15 minutos, não só na posse, mas nesta fase o Braga levava já 4 remates, contra zero do Benfica.

Sucediam-se os avisos de perigo junto à baliza de Trubin e aos 20 minutos, um golo anulado por falta sobre Otamendi. 

O grande problema do Benfica era que a pressão que colocava sobre o Braga, era incipiente, lenta e sem reação. Os jogadores limitavam-se a jogarem num determinado raio de acção e daí não saíam, ou seja, a dinâmica individual não funcionava, com e sem bola e isso tornava a equipa encarnada inofensiva e permeável, fácil de anular.

Só aos 26 minutos surgiu o primeiro remate por Rios, depois de uma jogada com algum índice de construção, mas a sair por cima da trave.

Vinha o melhor momento do Benfica no jogo, finalmente conseguia reter mais a bola e desenvolver algumas jogadas. Precisamente nessa fase, livre na meia direita para Sudakov, que centra milimetricamente para a cabeça do capitão argentino, para inaugurar o marcador em Braga. Vinha no melhor momento, pois claramente este golo enervava as hostes braguistas, especialmente os jogadores e o Benfica podia capitalizar isso na sua forma de jogar.

35 minutos e grande penalidade para o Braga, castigando braço de Dahl, numa falha de marcação na zona central, convertida por Zalazar. 

Estava reposta alguma justiça no marcador, pelo que o Braga fez nos primeiros 25 minutos e o Benfica nem um remate tinha feito. Verdade que os visitados chegam ao golo na melhor fase do Benfica e os encarnados não souberam capitalizar o nervosismo dos arsenalistas.

Mourinho teria de pensar seriamente em manter Enzo em campo, pois se existia superioridade do meio campo bracarense, era pelo demérito do argentino. Barreiro e Rios também não estavam a conseguir suster os intentos dos homens da casa, tão pouco conseguiam ser mais valias na construção das ofensivas. Aursnes demasiadamente recuado, muito por culpa do tal aumento de caudal ofensivo braguista e Pavlidis dado ao abandono na frente. Sudakov, muito pouco em jogo, distante dos lances de disputa. A entrada de Manu poderia dar alguma verticalidade ao jogo do Benfica e mais capacidade de preencher espaços e qualidade de passe. 

Mesmo no final do primeiro tempo, machadada nas aspirações encarnadas, com um disparate de Rios dentro da área, ao não aliviar a bola no primeiro momento, escorrega a tentar sair e a permitir que a bola sobre para o avançado Pau Victor, que coloca o Braga na frente, diga-se, com toda a justiça. Um golo que castigava uma equipa que teve, pouco mais, 7/8 minutos de futebol. O Benfica era um conjunto de 11 atletas, longe de ser um coletivo, sem ligação entre sectores, mas o que mais impressionava, era a falta de reação à perda, ao completo domínio de meio campo do adversário e nisto Mourinho era, também ele, culpado, dado que a estratégia não estava a resultar. Apanhando-se na liderança do marcador, dir-se-ia que o Benfica tinha, agora, uma missão quase impossível de dar a volta ao contexto, não pelo resultado, mas como se apresentou a jogar e de uma equipa sem ideias, sem personalidade. Aguardavam-se os segundos 45 minutos e teria de ser um Benfica completamente diferente, acima de tudo, de uma equipa que quisesse vencer o jogo e batalhasse por cada disputa de bola.

Recomeço da partida e Mourinho teimava em não mudar o figurino, mantinha os onze e a disposição tática, acreditando que os que lá estiveram, fossem capazes de mostrar outra coisa.

Dahl e Dedic também francamente mal e ambos nos dois capítulos, ofensivo e defensivo, aliás, o Bósnio com muitas dificuldades em suster as ofensivas pelo seu lado.

Notava-se um Braga que abrandava na intensidade da pressão, esperava agora mais pelo Benfica no seu meio campo defensivo, gerindo a sua capacidade física. 

Felizmente e em tempo útil, o Benfica empata a partida aos 53 minutos, num grande golo de Aursnes, num lance de contra ataque, Pavlidis galga metros no corredor esquerdo, serve o Norueguês em zona central do terreno, que desfere um potente remate, fora da área, colocadíssimo e indefensável.

Era o timing perfeito para empatar, isto para galvanizar animicamente a equipa e ir à procura dos 3 pontos, embora refira-se, era novamente do Braga maior tempo de posse de bola e lances de perigo na área de Trubin. Algo tinha de mudar no meio campo das águias, a equipa não estava compacta.

56 minutos e boa oportunidade para os visitantes, com Tomás a surgir já dentro da área, mas a permitir a defesa de Hornicek para canto.

Motivados pelo golo, pressionava a equipa de Mourinho, conseguia agora pegar no jogo e ter algum processo de construção com critério. 

O jogo abria mais espaços, pois a disponibilidade física baixava, bem como a intensidade e Sudakov começava a aparecer em zonas livres.

Passavam os 70 minutos e pouco se alterava agora da dinâmica de jogo, com o Braga ainda a ter mais posse, um Benfica demasiado retraído, mas atento à contra ofensiva. De facto, quase paradoxal esta forma de jogar da equipa de Mourinho, uma equipa que está proibida de perder pontos. Uma coisa é gerir a equipa aos 70 minutos, para dar uma avalanche final maior, outra é retrair-se para o seu meio campo, à espera do adversário. 

Precisamente aos 70 minutos, boa oportunidade para Dahl, descaído para a esquerda dentro da área, remata para mais uma boa defesa do guardião braguista.

A época Natalícia aparentava ter feito mal a alguns jogadores, tais como Enzo e Rios, muito lentos e sem intensidade de jogo, aliás, veja-se a quantidade de vezes que o colombiano surgia parado em campo. Mas foi o médio encarnado que disparou fora da área, para nova defesa de Hornicek e, no ressalto, o Benfica chegou a introduzir a bola dentro da baliza arsenalista, mas anulado por suposta falta de Rios.

79 minutos e dupla substituição de Mourinho, entrando Ivanovic e Prestianni, saindo Barreiro e Sudakov. Não se percebia bem a saída do ucraniano, estava na sua melhor fase, a conseguir construir e criar lances de perigo, quando Enzo continuava a dar poucos sinais de vitalidade na sua zona de ação. Era um Benfica ativo, a conseguir criar vários lances de perigo, com Aursnes a surgir, aos 80 minutos, dentro da área, mas o remate sai ao lado.

Ivanovic encostava-se mais à esquerda, mas de olho no seu parceiro grego. Prestianni surgia mais do lado contrário, mas já se sabe das diagonais que o argentino gosta de fazer.

Mais uma vez, este Benfica surge a espaços, não é capaz de manter uma toada constante, parecendo sempre que o adversário tenha alguma fadiga, para conseguir aparecer em campo e iniciar o processo de construção. 

Muito fatigado o meio campo das águias, não conseguia reagir a 3 pares de pernas frescas que tinham entrando no Braga e Mourinho não mexia e isto não se entende, Mourinho tem qualidade, especialmente na zona central do terreno, para mexer e até dar outra dinâmica ao jogo. Manu e Schjelderup nem foram considerados e são sempre jogadores, no mínimo, interessantes e que podem dar sempre algo ao jogo.

89 minutos e grande corte de Otamendi em esforço, como sempre, o capitão a dar o exemplo aos demais, onde alguns deles, foram apáticos no jogo de hoje.

7 minutos de tempo extra e era um Benfica a tentar dar tudo, mas o Braga, com as substituições, notava-se que estava mais fresco. 94 minutos e expulsão para Ricardo Horta, sendo admoestado com o segundo amarelo e consequente vermelho.

Os minutos passavam e era um Benfica sem ideias, sem soluções e sem capacidade. Um Benfica que jogou cerca de 25/30 minutos em Braga, em que a equipa da casa dominou grande parte da partida. É um Benfica curto, pequeno e sem ambição à medida da equipa que é e que tem de ser e não é com espanto que tenha perdido mais 2 pontos, certo que num campo complicado, mas este Braga está longe de ser uma equipa com capacidade de se digladiar, olhos nos olhos, com o Benfica. Fez duas substituições Mourinho, com o mais que evidente cansaço e inoperância de alguns jogadores, com um banco capaz ainda de mexer com o jogo. Uma estratégia falhada, onde ordenou que a equipa se retraísse perante o Braga e fosse causador do completo apagão nos primeiros 25 minutos de jogo.

Se dúvidas existissem na ainda potencial luta pelo título, acho que ficaram desfeitas no jogo de hoje.

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Pedro Jerónimo
Pedro Jerónimo

Um Benfica pequeno, sem ambição, sem chama! Natal sem prenda!

Empate a duas bolas no reduto do Braga deixa comandados de José Mourinho praticamente arredados da luta pelo título de campeão

28 Dez 2025 | 20:18

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Tozé Santos e Sá
Tozé Santos e Sá

Apontamento Vermelho e Branco: Benfica nascido na Farmácia Franco

Que bonito foi ver, in loco, em Moreira de Cónegos, a comunhão com a equipa. Isto já é o Benfica nascido na Farmácia Franco.

19 Dez 2025 | 12:27

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Pedro Jerónimo
Pedro Jerónimo

A manutenção da batuta exibicional, comandada pelo maestro Mourinho!

Três pontos fulcrais, num campo complicadíssimo e em antevisão de uma receção, também ela complexa, ao Famalicão e uma deslocação a Braga.

14 Dez 2025 | 21:09

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