Bernardo Alegra
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13 Dez 2022 | 08:55

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Bernardo Alegra

É essencial manter a memória viva, alimentada de novas vitórias dentro e fora de fronteiras. Encher estádios com a alma de maio de 61.

Em 2016, fui com os meus filhos visitar o estádio do Real Madrid. A meio da visita os meus olhos pararam naquele que para mim era o objeto mais valioso e perfeito do museu: um galhardete vermelho, com o símbolo do Glorioso, bordado em tons dourados. Neste, igualmente bordadas a dourado, as palavras “Taça Latina” e “Sport Lisboa e Benfica” e o ano: 1957. Um objeto que seria perfeito não fosse esta uma memória da derrota do Benfica frente ao seu rival espanhol, por 1-0, na última final de uma competição que antecedeu a Taça dos Campeões Europeus, entre os clubes que venceram as suas sete primeiras edições. Aproveitei o momento para repetir algo que já tinha explicado aos meus filhos: estão a ver porque é que o pai não tem clube em Espanha, Inglaterra ou Itália? Porque o Real, Barcelona ou United são concorrentes do Benfica. Seria o mesmo que torcer também pelo Sporting ou Porto.


https://twitter.com/balegra/status/1602671251402768390

Hoje é cada vez mais difícil passar aos nossos filhos esta mentalidade. A de que o Benfica foi criado e cresceu para estar entre os maiores dos maiores. É difícil porque a evolução do futebol colocou a nossa Liga num papel cada vez mais periférico e secundário, com receitas cada vez mais exíguas por comparação com as ligas como a inglesa, italiana, espanhola, alemã e até francesa. É difícil porque, lá fora, os clubes são os novos cavalos de corrida, comprados por ‘petromilionários’ para os exibir aos amigos nos melhores estádios do mundo ou para comprar influência e reputação. É difícil porque aqueles por quem hoje cantamos nos estádios, amanhã estarão a vestir a camisola destes rivais transferindo parte dos nossos afetos.


Mas é sobretudo difícil porque nos últimos anos nasceu e cresceu entre adeptos e até, pasme-se, dirigentes do Benfica a ideia de que tem de ser assim. Uma nova lei da vida, fatalista e conformada, que olha para o Benfica como um ator menor, uma antiga estrela de cinema em decadência para quem os pais olham com admiração e os filhos com estranheza e algum gozo, ou, pior, um entreposto por onde passam jogadores antes de chegarem a campeonatos maiores, cheios de dinheiro, mas a clubes sem alma nem luz, celebrando os feitos dos lucros das vendas, ignorando o prejuízo desportivo e institucional.

Sim é difícil. As forças não são iguais e tendencialmente sê-lo-ão cada vez menos. Mas não é impossível! É essencial manter a memória viva, alimentada de novas vitórias dentro e fora de fronteiras. Encher estádios com a alma de maio de 61 e continuar a exigir que nos batamos de igual para igual com os maiores. Se não for com dinheiro, terá de o ser com determinação, entrega e competência. Depende de nós TODOS fazer com que o destino deste nosso UM volte a ser o que sempre foi: estar todos os anos entre os maiores da Europa e do Mundo.


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