Ser Benfica e do Benfica, é uma virtude, uma honra e garante de sucesso

Algo inédito na época desportiva do Benfica encontra-se a ocorrer esta semana, com uns espantosos 5 dias de distância entre o jogo em Arouca e o próximo jogo, na Luz, diante do Vitória SC, o que permitiu ao Bruno Lage conceder dois merecidos e ansiados dias de folga aos seus jogadores e que permitirá trabalhar e treinar, nos restantes, quase como se fosse a primeira vez, dada a sucessão vertiginosa de jogos e das duas paragens para os jogos das seleções.

Mas como não há fome que não dê em fartura e, quiçá, o seu oposto, a partir de sábado e até ao final de janeiro, vão ser (assim se espera, pois estou a contar com a final da Taça da Liga) 12 jogos, o que significa qualquer coisa como disputar um jogo a cada 4 dias… ufa!! Daí que seja importante inspirar em quatro e expirar em quatro… antes do sufoco.

No entretanto, vencemos com alma e coração (embora, a espaços, com alguma desconcentração) o jogo no Mónaco, o que foi importantíssimo para as contas da passagem à próxima fase da Liga dos Campeões, ainda que via play-off, e vencemos em Arouca, com demasiada descontração (ninguém me convence que o Benfica consegue, ou tem jogadores para aquele futebol ‘pastoso’, de contenção, que origina jogos sensaborões e que nem o resultado consegue fazer disfarçar), mas, mais uma vez, com um caráter de grande importância, pois não foram só aqueles três pontos, foram, também, os três pontos que o Sporting não conseguiu amealhar face ao Santa Clara, o que nos fez aproximar da almejada liderança do campeonato, que esperamos alcançar após defrontar o nosso maior rival, no final do ano, em Alvalade (numa nota mais pessoal, permitam-me confessar que o meu filho mais velho faz anos nesse dia e eu já lhe disse que a prenda espero trazê-la em formato de vitória desde o estádio dos viscondes).

Numa observação em jeito de pré-balanço, permitam-me registar que a equipa me parece cansada (pelo que estes dias de folga espero poderem vir e a ser um bom tónico) e que o menor fulgor de alguns jogadores imprescindíveis (como é o caso do Aursnes, do Kökçü, do Aktürkoğlu…) possam ser mera aparência a ser esbatida já no próximo sábado.

Mas, do meu ponto de vista, esse cansaço e menor fulgor foi bem visível no jogo em Arouca, com a incapacidade do Kökçü em ser determinante na transição ofensiva, como é seu timbre, com a intermitência da habitual fluidez do futebol praticado pelo Aktürkoğlu (e cuja capacidade concretizadora também diminuiu) e com a errática presença em campo do Aursnes, cuja qualidade de pêndulo de todas a vertentes técnico-táticas do modelo de jogo do Bruno Lage, foram prejudicadas pelo peso que aquelas pernas revelaram no momento de comando ofensivo na pressão e que só foi atenuado pelo seu inesgotável empenho e abnegada atitude, na forma como organizou a equipa, desde trás, após a saída do Kökçü.

A propósito da substituição do Kökçü e do facto de estar impedido de jogar, por razões disciplinares (5º cartão amarelo), diante do Vitória SC, repetiram-se as excelentes indicações dadas pelo Leandro Barreiro, já vistas no Mónaco, e revisitadas em Arouca, o que o deixam à porta da titularidade no jogo de sábado.

Felizmente, o plantel do Benfica é rico em soluções e alternativas, capazes de responder presente e positivamente, sempre que a equipa precisa, e têm havido exemplos de sobra em relação a isso (vide Arthur Cabral e Amdouni no Mónaco), o que nos permite ser e permanecer confiantes em relação à qualidade e heterogeneidade desse mesmo plantel e da capacidade que o Bruno Lage tem revelado em fazer a gestão o mais adequada possível para manter em alta a motivação de todos os jogadores, sabendo, de antemão, que não é possível que joguem todos, ao mesmo e o mesmo tempo.

Embora alguns se façam esquecidos, eu não posso deixar de aproveitar esta deixa para lembrar o António Silva. Até parece que desaprendeu e que virou flop, depois de ter sido identificado como um dos melhores jovens centrais a atuar na Europa. O António mantém intactas as suas qualidades e a sua (enorme) margem de progressão. Não é por acaso que é convocado e titular da seleção nacional e também não será surpresa para ninguém (até para os que se fazem de esquecidos, mas que, nessa altura, se farão esquecidos daquilo que fizerem por se esquecer) que, muito em breve, venha a reeditar, de forma permanente e consistente, a dupla com o Tomás Araújo, que venceu a Youth League. Lembram-se da dupla Mozer e Ricardo Gomes? Eu sei, estou velho…

E, terminar a falar do Tomás Araújo, é uma cereja tão no topo do bolo, quanto é o futebol top praticado por ele. Um defesa com pés de médio e cabeça de líder, com uma capacidade de antecipação e fortíssimo nos duelos, ao nível dos maiores de sempre, lembrando Humberto Coelho, Rúben Dias, Baresi e Gerard Piqué (de entre outros), só assusta pelo facto de já ter meio mundo atrás dele e, até final da época, terá, certamente, o outro meio.

É a vida…a vida de vencedores natos e orgulhosos portadores do manto sagrado. Ser Benfica e do Benfica, é uma virtude, uma honra e garante de sucesso. Quem diz o contrário, ou é estúpido (e eu abomino pessoas estúpidas… sem ofensa para as pessoas), ou é parvo, ou é adepto ressabiado (e aqui incluo os dos abjetos rivais e os nossos que padecem de patologias que só podem ser debeladas em ambiente hospitalar) … ou é tudo ao mesmo tempo! O Benfica não forma só para vencer… forma para viver, no seio da mística gloriosa da vitória.