Pedro Jerónimo
Biografiado Autor

26 Set 2025 | 23:54

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Pedro Jerónimo

Com uma exibição pobre, águias superaram os minhotos e venceram por 2-1, mas prestação dos encarnados deixou muito a desejar


Arranque da sétima jornada na Luz, com o Benfica a receber a surpresa do campeonato, o Gil Vicente que ocupava o quarto lugar, logo atrás dos encarnados e apenas a um escasso ponto. A equipa de José Mourinho não tinha apenas a missão de vencer, como é sua obrigação, mas também o objetivo de apagar a imagem deixada no último jogo, de uma equipa que não é capaz de criar lances de perigo, incapaz de impor os seus níveis de agressividade e intensidade na partida, passando a mensagem de jogadores sem garra e fracos animicamente.


Aliás, seria até mais importante a demonstração de querer e vontade, do que a vitória, pois este segundo estaria sempre amarrado à vitória, quase de forma lógica e pelo atual estado das coisas. Sabia-se já, de antemão, que Enzo era baixa para o jogo, devido a acumulação 5 amarelos, o que obrigava, desde logo, o técnico português a mexer no onze e perceber se seria Aursnes a transitar para o meio, ou entraria Barreiro.


Expetativa também para perceber se após o bom jogo frente ao Rio Ave, Lukebakio entraria direto no onze, até porque começa a ser evidente que irá ser um jogador fundamental, pela sua capacidade técnica e no um para um, coisa rara no plantel das águias.

Saído o onze e confirmava-se as previsões: Aursnes transitava para o meio e fazia companhia a Rios, entrando Lukebakio para a ala. Também a desfazer a dupla de avançados e saía Ivanovic e entrava Schjelderup, ou seja, Mourinho aplicava um 4x3x3 com extremos, ao invés do 4x4x2. Restava saber o que ia fazer esta equipa em campo, se poderíamos começar a ver algo diferente, uma vontade de vencer, isso bastaria.

Início da partida e nada aparentava mudar, um Benfica muito recuado, sem intensidade de jogo, sem pressão alta e sem a garra de querer a bola, inclusive logo aos 25 segundos surgia o avançado frente a frente com Trubin e valeu a mancha do guardião ucraniano. Um Gil Vicente que geria o tempo de posse de bola e não um Benfica mandão, especialmente em casa, eram os homens de Barcelos que tomavam conta das operações. 

Os assobios começavam a ecoar nas bancadas perante a atitude passiva da equipa em campo e a deixarem os visitantes trocar a bola. 11 minutos e livre perigoso à entrada da área e disparate de Trubin, a fechar mal a baliza, pois o lado que deixa aberto na barreira, não o fecha e a bola a entrar nesse mesmo lado e estava inaugurado o marcador na luz para o quarto classificado e agora a aspirar o terceiro lugar. 

Tinha de mudar o Benfica, tinha de mudar a postura e atitude dos jogadores encarnados. Após sete minutos, aos 18, jogada de insistência pela esquerda, Pavlidis recebe já dentro da área e depois de um ressalto, consegue rematar entre as pernas de vários defesas, inclusive do guarda redes e empata a partida na Luz. Ganhavam alguma chama os jogadores da casa e conseguiram um maior ímpeto a pressionar o adversário, embora os homens de Barcelos mostrassem enorme capacidade em trocar a bola de forma muito rápida e com a transição veloz, o que se tornava um constante sobressalto na defesa benfiquista.

26 minutos e Lukebakio tenta a jogada individual na zona central e, já dentro da área, é rasteirado e coloca a bola nos 11 metros. Chamado a converter, Pavlidis faz o bis e permite ao Benfica fazer a cambalhota no marcador. O jogo não mudava a toada, Gil Vicente a conseguir a sua posse e chegar com alguma facilidade à área contrária e um Benfica refém das individualidades, com Lukebakio aos 36 minutos a criar nova oportunidade, no flanco direito, mas o remate rasteiro saía rente ao poste.

Vinha o intervalo e, sinceramente, seria mais uma injeção de moral, do que outra coisa, pois entende-se que pouca se conseguirá alterar neste Benfica, pelo menos nesta fase da época, pois são tantos os vícios, tanta é a falta de disponibilidade física, que se transforma em falta de garra, que terá de ser um trabalho demasiadamente mental, cansativo e constante.

Começava a segunda metade e apenas com uma substituição da parte do Gil Vicente. O início era cópia do primeiro tempo, logo no 1°minuto, Gil Vicente rematava duas vezes à baliza de Trubin e o mesmo a defender para canto e na sequência o Gil Vicente atira ao travessão. Na jogada seguinte podia ter mesmo empatado, mas estava em fora de jogo o avançado gilista.

Benfica continuava sem conseguir criar lances de ponta a ponta, construção com nexo e capacidade em reagir à perda e novo aviso aos 54 minutos, com novo remate, fora da área, a embater no ferro da baliza de Trubin. Espante-se, estávamos nos 60 minutos e o Gil Vicente tinha mais posse de bola que o Benfica, na condição de visitante, até pareciam os encarnados estar perante um Real Madrid, ou Barcelona, tal era a total ineficácia em incapacitar o adversário em trocar a bola. Vinha a célebre expressão ao de cima: "estão a pôr-se a jeito".

Schjelderup não se percebia o porquê de estar há tanto tempo em campo. Estava a passar completamente ao lado do jogo, defensivamente e ofensivamente, tão pouco conseguia ligar setores. Rios, mais uma vez, não consegue ser o elo que consolida a equipa.

Finalmente saía o extremo norueguês, bem como Lukebakio, entrando Barreiro e Ivanovic. Voltava ao modelo do último jogo. Isto podia indiciar ao treinador do Gil Vicente para focar o processo de pressão pelo corredor central, pois as alas iam desaparecer, dado que este modelo já demonstrou uma total ineficiência na utilização das alas.

Ivanovic entrava a passo, mas Sudakov parecia ganhar novo ímpeto, aparentando estar mais habilitado a jogar neste modelo em que o jogo passa mais pelo ucraniano. O jogo estava incerto e perigoso para ambas as balizas, embora os homens de Barcelos estivessem mais assertivos na decisão do remate. Os visitantes percebiam que a maior fragilidade a defensiva encarnada estava no lado esquerdo, com Dedic em sérios apuros para conseguir parar quem lhe aparecia. 

80 minutos e mais duas substituições, saindo Dahl e Sudakov, entrando Tomás Araújo e João Rego e era mesmo o Tomás a assumir o flanco esquerdo. O minuto 84 é bem representativo da incapacidade ofensiva das águias, com os jogadores parados, sem saber que movimentações fazer, aliás, a ala direito parou completamente e Dedic e Ivanovic ficaram a olhar um para o outro, à espera de algum tipo de iniciativa.

Não se percebe esta falta de atitude por parte dos jogadores e não é justificável apenas por uma suposta crise de identidade, ou falta de confiança, mas também pela falta de rotinas, de dinâmicas, de entrosamento, esta sim choca afirmar após mais de 10 jogos. 

90 minutos e Rios recebe um amarelo por perder tempo!?!? A jogar em casa, contra o Gil Vicente a vencer por 2-1 e o Benfica a perder tempo, premeditadamente e em casa? Quando falo de falta de identidade, é exatamente isto e Mourinho não pode ir à conferência afirmar que o importante hoje era ganhar e afastar, novamente, fantasmas. A equipa precisa de pulso e não ser tratada como se um jardim de infância se trata. São homens e têm de ter capacidade de sofrimento, de entrega e perceber que são pagos para correr 90 minutos. 

O jogo terminava com o Gil Vicente em cima do Benfica e com menos um homem expulso aos 98, com mais posse de bola nos 90 minutos na luz, com mais oprtunidades de golo, com melhor qualidade de futebol jogado, com jogadores das águias a perderem tempo nos momentos finais, pelo que se considera que é um resultado completamente injusto.

Valeu Pavlidis, homem do jogo e pouco mais se aproveita da equipa de Mourinho. Vive-se um descrédito total nesta equipa e no seio dela. Uma crise de identidade e uma falta, por completo, do conceito real de equipa, do coletivo. As expetativas dos adeptos, embora a vitória, não saíram reforçadas, pelo contrário. O que se viu no estádio é uma equipa longe, muito longe de formar um coletivo forte e capaz de lutar pelo campeonato e uma boa prestação na Champions. 

Vem a célebre expressão: "valeram os 3 pontos".

Carrega!!!

+ opinião
Pedro Jerónimo
Nuno Campilho

24 Set 2025 | 19:01

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Apesar de Mourinho

O empate de ontem frente ao Rio Ave voltou a expor, de forma quase cruel, as fragilidades do Benfica - apesar da chegada do novo treinador

+ opinião
Pedro Jerónimo
Pedro Jerónimo

Sem Personalidade, sem Chama! Falta o coletivo, o Benfica!

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26 Set 2025 | 23:54

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Tozé Santos e Sá
Tozé Santos e Sá

APONTAMENTO – Vermelho e Branco - O FANFARRÃO VOLTOU ESTADISTA

Mourinho voltou com pose de estadista. Quer ser o tipo porreiro, com quem toda a gente fala. O superior comandante da moral e bons costumes da nação

26 Set 2025 | 09:00

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Nuno Campilho
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24 Set 2025 | 19:01

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