Pedro Jerónimo
Biografiado Autor

10 Mai 2025 | 22:07

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Pedro Jerónimo

Um Benfica que não se encontrou na primeira metade, não conseguiu ligar sectores e esperou sempre que Di Maria, Aktur e até Kokçú, conseguissem criar perigo


Chegados ao dia do dérbi eterno, do clássico que move corações, que coloca a irracionalidade acima da lógica na cabeça dos adeptos.


A saída e chegadas dos autocarros de cada equipa foram apoteóticos, especialmente para os lados dos homens da casa, com uma imensa mancha encarnada e apoio bem audível.


Era chegada a hora do Olimpo da Luz receber o jogo que iria decidir o campeonato 24/25, recebendo os seus gladiadores na sua arena, com mais de 60 mil na plateia, num desenfreado suporte, com as emoções ao rubro. Como já referido na antevisão e análise ao jogo, vários fatores iriam fazer pender a balança, desde logo a capacidade de resiliência e superação mental e quem iria alinhar de início, quais os onzes escalados.

Confirmado o onze dos encarnados, com a inclusão do astro argentino nos titulares, o que pressupunha que Lage ia lançar tudo para a fogueira e dava um claro sinal ao adversário, aos adeptos, que queria vencer e não ia jogar na expetativa. Do outro lado, aposta também em Geny Catamo na direita e Araújo à esquerda, a fazerem os corredores leoninos, com Rui Borges a dotar a equipa de capacidade ofensiva, não permitindo grandes aventuras por parte de Carreras e Tomás, do outro lado.

Dados lançados, guerreiros em campo e era hora de deixar os artistas servirem o (bom) espetáculo.

Benfica entrava com agressividade, mas Sporting na primeira vez que vai à área encarnada, faz golo. Gyokeres recebe na direita, progride rapidamente no corredor, atraindo 3 defesas das águias. Surgia Trincão, à entrada da área e rematava ao canto inferior esquerdo, inaugurando o marcador na Luz aos 4 minutos. Quando falei que Tino era crucial, pois bem, falha por completo a marcação, a par de Carreras, deixando o ala português, completamente sozinho, sem terem qualquer outro adversário para marcação. Sporting a aproveitar e bem o que seria expectável da defesa encarnada, aumentar a superioridade sobre o sueco e aproveitar o espaço remanescente, deixando Tino e Carreras com grandes responsabilidades no lance do golo.

Sporting fechava à zona no seu meio campo defensivo e o Benfica procurava mais o corredor central, querendo aproveitar as diagonais para a zona central, de Di María e Akturkoglu. Tinha de aparecer Kokçu para acrescentar qualidade no último passe, mas era Hjulmand que pressionava o turco e condicionava o jogo das águias. Os comandados de Lage não conseguiam criar perigo e era o Sporting, aos 16 minutos, na sequência de um canto, permitia que Araújo cabeceasse rente à barra. O Sporting estava com um bloco muito compacto e conseguia sair a jogar, ao passo que o meio campo encarnado estava muito apagado, com o seu trio ausente do jogo, sem capacidade de pressão e reacção rápida à perda.

Benfica, finalmente, a partir do minuto 20, conseguia aproximar-se da baliza de Rui Silva e, aos 28 minutos, a primeira grande oportunidade, num centro para a área verde e branca, surge Di María, sozinho, a permitir defesa, para canto, do guarda redes leonino, embora tenha sido assinalado pontapé de baliza. O jogo estava a ser determinado pela superioridade do meio campo do Sporting, sobre o meio campo dos homens da casa, pois defendiam melhor e conseguiam concretizar uma transição rápida para o ataque, sem grandes barreiras, sem interferências.

As alas do Benfica estavam ausentes do jogo, Akturkoglu e, especialmente, Di María, parecendo alheado e, denotava-se exatamente isso, porque não partia para cima do adversário, mostrando que está sem ritmo e sem confiança. 

Pouco tempo depois, vinha o intervalo, mostrando que Lage tinha muito trabalho pela frente. Logo em primeiro plano, corrigir o posicionamento do meio campo, pois Tino, Aursnes e Kokçu não estavam entrosados, dando muito espaço sem bola e ofensivamente muito estáticos, sem dinâmicas de jogo, de forma a fazer frente a um meio campo leonino, que estava a ser superior em todos os capítulos. Também era preciso olhar para os corredores, especialmente Di María, completamente alheado do jogo, parecia impingir, ao técnico encarnado, uma substituição imediata, por Bruma, ou Schjelderup. O Benfica não conseguia ligar a linha média, com a dianteira e isso estava a notar-se pelo tímido número de remates, apenas 5, sem nenhum deles ter acertado na baliza.

Concretizava-se a saída de Di María, entrando Schjelderup para o seu lugar. O Benfica precisava de objetividade no último terço e, quiçá, a capacidade técnica do norueguês pudesse emprestar isso ao jogo, criar mais oportunidades na baliza dos visitantes. Faltava confirmar o outro ponto assinalado: a correção posicional no meio campo, pois se o Benfica queria voltar ao jogo, teria de mudar, teriam de ser bem melhores.

Benfica tinha mais posse, mas não conseguia criar perigo, embora nos primeiros 10 minutos o Benfica tenha realizado dois remates ao lado da baliza de Rui Silva. O meio campo estava mais pressionante, mas falhava no último terço, no processo de decisão.

Aos 63 minutos vinha um momento de magia e, talvez, pelo jogador que seria menos expectável: Pavlidis. O Grego recebe descaído na esquerda, entra dentro da grande área, depois de passar por um primeiro defesa, vira-se e finta 3 a 4 jogadores leoninos e, já junto à linha de fundo, serve Aktur, para o turco empatar a partida. O Inferno da Luz ficava ao rubro e o jogadores do Benfica tinham de aproveitar a avalanche emocional, para servir de empurrão. Morita já tinha entrado para o lugar de Debast e aos 70 minutos, saía também Tomás Aráujo, já quebrado fisicamente, entrando Belotti e recuando Aursnes para a ala direita. Lage apostava tudo na vitória, pois era a única coisa que interessava às águias.

Pavlidis e Belotti tinham de aprender a coabitar, estavam muito juntos. Precisamente aos 75 minutos, Belotti deriva para a direita, passando pelo seu defensor, galga vários metros em direção à área e serve atrasado Pavlidis, que remata ao poste direito, levando ao desespero os mais de 60 mil das bancadas. 82 minutos entrava Dahl e Bruma, saindo Carreras e Aktur, exaustos. Refrescava as pernas Lage, na esperança de dar um último folgo às águias. Era o coração que comandava agora a equipa de Bruno Lage. Ao contrário, a equipa de Rui Borges geria o tempo, tinha todo o interesse no empate e ia quebrando a intensidade do jogo que o Benfica pretendia imprimir. Era o último cartucho de Lage, colocando Arthur Cabral, retirando Pavlidis. Que ironia seria se o avançado brasileiro marcasse o golo da vitória. 7 minutos de tempo extra, a qualidade do futebol era reduzida, era mais emoção que lógica. O Benfica não criou chances de perigo até ao fim, tentou, mas por via de balões para área contrária e o Sporting esteve bem defensivamente, aliás, como ao longo do jogo.

Não haveria campeão hoje, tudo adiado para a última jornada, mas com clara vantagem para o Sporting, pois os leões recebem o vitória em casa, enquanto as águias têm uma deslocação complicada a Braga. Sou da opinião que o empate se justificou, porque as equipas até se anularam uma à outra, especialmente no segundo tempo, embora a maior posse de bola dos encarnados. Um Benfica que não se encontrou na primeira metade, não conseguiu ligar sectores e esperou sempre que Di Maria, Aktur e até Kokçu, conseguissem, por via de individualidades, chegar com perigo à baliza do Sporting. Aceita-se o resultado, apesar de um Benfica melhor nos segundos 45, faltou objetividade, faltou aquele Benfica capaz de combinar lances entre os seus elementos, para destabilizar a defesa contrária. Venceu hoje quem foi capaz de gerir o jogo, quem cedo se colocou em vantagem, perante um Benfica que nunca conseguiu impor o seu verdadeiro jogo e creio que a inclusão de Di Maria foi um erro, pois nunca foi uma mais valia, pelo contrário e cedo se viu a forma como esteve em campo. Resta agora um último milagre na derradeira jornada, esperando que os leões não vençam o Vitória e que o Benfica ainda arranje motivação para vencer o Braga.

Nem Jonas foi talismã, ao intervalo, a puxar pelas bancadas. Próximo fim de semana, para os crentes, que muito se apele ao "Papa Leão". Triste pela ausência da essência do futebol desta equipa, triste por mais 45 minutos de avanço ao adversário, mas por outro lado, ainda com esperanças de um último milagre.


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Pedro Jerónimo
Pedro Jerónimo

Faltou a identidade da equipa de Lage, em dia de Duelo Eterno!

Um Benfica que não se encontrou na primeira metade, não conseguiu ligar sectores e esperou sempre que Di Maria, Aktur e até Kokçú, conseguissem criar perigo

10 Mai 2025 | 22:07

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Pedro Jerónimo
Pedro Jerónimo

Hora de aplacar aos Deuses do futebol das águias, hora da chegada do 39!

O duelo está montado, os fiéis fazem as últimas orações aos seus Deuses, esperando que tais súplicas e suspiros os encham de vontade e querer por conquistas!

09 Mai 2025 | 17:09

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Tozé Santos e Sá
Tozé Santos e Sá

APONTAMENTO – Vermelho e Branco - É ali que eles têm de se vergar ao maior do mundo

É pena que pensem pequeno, ou só no dinheiro, e não saibam que o Benfica vive de títulos, sucesso desportivo, e não de vendas

09 Mai 2025 | 06:00

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