Nuno Campilho
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03 Set 2025 | 09:00

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Nuno Campilho

O arranque da época 2025/26 do Benfica é, em termos de resultados, praticamente irrepreensível, com triunfo na Supertaça e Liga dos Campeões assegurada


A equipa de Bruno Lage conquistou a Supertaça, assegurou presença na fase de grupos da Liga dos Campeões e soma por vitórias todos os jogos da Primeira Liga disputados, só não podendo estar igualado com o FC Porto pelo facto de ter um encontro em atraso frente ao Rio Ave.


Nos sete encontros oficiais realizados, sofreu apenas um golo – e apenas depois de ter ficado reduzida a dez jogadores frente ao Alverca.


Apesar deste registo, que alia eficácia competitiva a solidez defensiva, o treinador persiste em ser alvo de críticas intensas.

Muitos adeptos apontam falta de criatividade no modelo de jogo, previsibilidade ofensiva, escolhas discutíveis no onze inicial e substituições pouco eficazes.

A contestação, contudo, ignora frequentemente o contexto. O Benfica iniciou a época após uma pré-época encurtada pela participação no Mundial de Clubes, o que reduziu drasticamente o tempo de preparação. O plantel sofreu saídas de jogadores titulares, exigindo reajustes táticos, e a integração de reforços – dois deles apenas inscritos nos últimos dias de mercado, sem sequer ainda terem tido oportunidade de treinar com a equipa.

Como há quem goste sempre de olhar para os números - e muito bem, menos quando esse olhar é mais interesseiro do que factual - e comparando com arranques de épocas recentes, a performance defensiva do Benfica 2025/26 assume particular destaque: sete jogos oficiais, um único golo sofrido, registo raro no futebol português, só igualado pelo Sporting há 110 anos!!

Já do ponto de vista ofensivo, a produção mantém-se dentro dos padrões habituais, ainda que a perceção de “mau futebol” se prenda sobretudo com critérios qualitativos: circulação previsível, menor explosividade no último terço e menor envolvimento coletivo em ataque continuado.

O dilema é evidente (e há quem o evidencie até à exaustão, mesmo que não saiba o que está a dizer): por um lado, os resultados cumprem todos os objetivos delineados; por outro, a exigência dos adeptos passa também pela qualidade exibicional do futebol praticado.

O desafio de Bruno Lage (de entre tantos outros, já que vive sem qualquer margem de erro, em permanente escrutínio e constante pressão, tornando-se num dos homens mais acossados do país) será equilibrar ambas as dimensões - manter a consistência competitiva e, simultaneamente, desenvolver um modelo mais apelativo.

Neste momento, a contestação está totalmente desfasada da realidade factual. O Benfica está em fase de construção, condicionado por fatores externos e internos (ainda no último jogo se viu como um árbitro consegue ser uma fator externo e irritante de condicionamento da agressividade no limite, que é imposta por alguns jogadores do Benfica e que tanta falta foi fazendo nas últimas épocas). Criticar a baixa “nota artística” é legítimo; transformar isso em rejeição do treinador quando a equipa apresenta um registo perfeito, é no mínimo precipitado, como se não lhe bastasse ter de gerir um grupo de jogadores que têm, obrigatoriamente, de estar preparados para se adaptar às características dos adversários, mas que dispensariam ter de se adaptar às características dos árbitros.

No futebol, resultados e exibições nem sempre caminham de mãos dadas. É natural que os benfiquistas queiram aliar resultados a boas exibições, sobretudo num clube da dimensão do Benfica. Mas é igualmente natural e lógico (pelo menos, na minha lógica) reconhecer que, ao fim de apenas sete jogos oficiais na época 2025/26, Bruno Lage cumpriu todos os objetivos delineados pela direção: conquistou um troféu, garantiu a presença na Liga dos Campeões e colocou a equipa no topo da classificação da Primeira Liga (com menos um jogo disputado) quase sem sofrer golos.

Ignorar estes factos e reduzir a análise a uma perceção estética associada ao nível exibicional (até parece que estamos a falar de ginástica, Dio mio), é cair no erro da precipitação.

O futebol precisa de tempo e o Benfica não foge à regra: tempo para que os reforços se integrem, tempo para que a equipa assimile novas dinâmicas, tempo para que o modelo se consolide.

As críticas construtivas são sempre bem-vindas, mas a contestação ruidosa e, por vezes, violenta que se tem feito ouvir parece divorciada da realidade competitiva.

Mais do que pressionar o treinador ao primeiro sinal de impaciência, talvez seja altura de o apoiar no processo, para que o Benfica não seja apenas uma equipa eficaz, mas também uma equipa que encante.

Porque, nesta fase, os factos são claros: o Benfica de Bruno Lage está a ganhar. E ganhar continua a ser o primeiro mandamento do futebol.

A reputação do Benfica é incontestável, mas, neste momento, não parece.

Esse momento, creio, vai chegar, em que as vitórias não só continuarão a existir, como aparentarão um nível exibicional acima da média.

O futebol é o momento, mas este não é o momento…

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