Nuno Campilho
Biografiado Autor

13 Nov 2024 | 06:00

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Nuno Campilho

“No entanto, ela se move”…


Expressão, ou frase, atribuída a Galileu Galilei, quando foi forçado a renegar a visão heliocêntrica do mundo perante o tribunal da Inquisição, foi o que imediatamente me veio à cabeça, após a inquirição a que o Benfica se sujeitou em Munique (devassado no seu orgulho histórico) e à resposta que veio a dar no mais recente confronto com o FC Porto, durante o qual foi visível e marcadamente superior, a todos os níveis, conforme já não se via há 60 anos.


Eu não sou grande fã das “respostas” que a comunicação social impõe, após jogos menos conseguidos, imposição essa que também grassa juntos dos adeptos e, por vezes, igualmente por entre os responsáveis do clube. Mas responder a quê? pergunto eu. A caso o Benfica e os seus jogadores maltrataram, consciente e voluntariamente, alguém (em sentido individual, coletivo ou figurado)? Convicto que não, só posso considerar excessiva (e descabida) a imposição de uma resposta, a menos que estejamos perante a Inquisição, o que, em bom rigor, é no que se tornam as bancadas da Luz, em momentos mais críticos, como vimos a época passada, e também vimos neste jogo, de forma completamente injustificável, condenável e absurda. Mas, já lá vamos.


O Benfica conseguiu, então, perante o seu público, no último domingo, um resultado avassalador, suportado numa exibição madura, competente e taticamente irrepreensível, perante um eterno rival que, à semelhança do Bayern de Munique, também é uma espécie de “besta negra”, neste caso, interna.

E o Benfica, do meu ponto de vista, começou a ganhar o jogo de Lisboa, em Munique…

Como tem vindo a ser apanágio, desde que regressou ao Clube, Bruno Lage apresentou, frente ao Porto, como já o tinha feito frente ao Atlético de Madrid, uma equipa muito bem preparada para contrariar os pontos fortes do seu adversário e feri-lo nos pontos mais fracos. Houve uma estratégia. Bem trabalhada em treino e ainda melhor aplicada em jogo. Sucedeu assim com o Porto, com o Atlético, mas, também, com o Feyenoord e com o Bayern, só que, nestes últimos casos, não resultou.

Aliás, e começando pelo jogo com o Feyenoord e os seus pontos de contacto com este último, o Benfica pressionou alto e com vários jogadores, posicionados para impedir a transição ofensiva do adversário. Com os neerlandeses, que, nas palavras do seu próprio treinador, fizeram um jogo perfeito, tal não resultou, pela irrepreensível competência demonstrada pelos defesas e médios na construção, sem perda, e no ultrapassar dessa linha de pressão, colocando-os em superioridade numérica contra apenas um adversário em zona de construção ofensiva no meio-campo do Benfica, que estava, assim, desprotegido e livre para ser exposto à velocidade e capacidade de concretização dos jogadores do país das túlipas.

O Porto que, porque perdeu com o Benfica, de forma copiosa, passou a ser a sua pior versão de todos os tempos, também preparou o jogo e o seu treinador também tentou explorar as debilidades que o Benfica demonstrou no seu último encontro em casa nesta fase da Liga dos Campeões. O problema foi que, nem os jogadores do Porto conseguiram ser competentes na ultrapassagem da linha de pressão ofensiva do Benfica, nem o meio-campo se revelou tão desprotegido, pois, sem prejuízo da subida em pressão e comando do Aursnes (já não há palavras!), o Kökçü, numa demonstração abnegada de capacidade física e de trabalho, compensou sempre e foi o auxiliar que o Florentino precisava e que o Aursnes não era, por estar mais à frente, permitindo que o meio-campo do Benfica banalizasse todo o meio-campo do Porto, o qual, teoricamente, até se encontrava em superioridade numérica (4 – Eustáquio, Varela, Nico e Fábio – contra 3 – Florentino, Aursnes e Kökçü). Preso nesta “camisa de forças”, bloqueado nas saídas pelo Diogo Costa e com 13 perdas de bola comprometedoras, o FC Porto ainda tentou a saída direta, mas, aí, tanto o Tomás Araújo (está no ponto… que jogão!), como o Otamendi (com uma mancha na exibição, pela falha objetiva no golo dos portistas), não deram uma única chance ao Samu e até ao Nico, e ganharam-lhe todas as primeiras bolas aéreas, deixando aos colegas mais à frente a oportunidade (não perdida), de ganhar as segundas bolas. Foi jogo de quase sentido único, com uma mancha descolorida pela vergonha das tochas. Mas ainda não é desta que lá vou…

Em Munique, aquilo que se pretendia que fosse, não foi, pronto. Não me venham é dizer que não houve estratégia e preparação, pois houve. E a ideia era boa, mas não funcionou. E espero que o Bruno Lage tenha concluído que, com jogadores destas características, dificilmente alguma vez irá funcionar. Jogadores talhados para estas funções, já lá estiveram há não muito tempo, mas já não estão. Falo do Rafa e do Neres. Se é para voltar a testar, então que o mercado de Inverno possa focar-se nessa possibilidade, pois nunca é demais ter bons jogadores que possam corresponder, em qualquer ocasião, às variações táticas que este treinador já se viu que submete a equipa, em função dos jogos em disputa e do adversário na contenda.

Termino com o ‘já lá vou’ anunciado duas vezes.

Os adeptos que arremessaram tochas para dentro do relvado, ao minuto 39, sem nada que o justificasse, originando a interrupção do jogo numa altura em que o Benfica dominava por completo, a ameaçar o segundo golo, e os Dragões já só ansiavam pelo intervalo, situação essa que acabou por motivar os jogadores contrários para uma espécie de “toca a reunir” que os levou ao golo do empate e a algum frisson de pressão mais intensa sobre a nossa defesa, leva-me a concluir que esses mesmos adeptos têm uma ervilha no lugar do cérebro… e eu detesto ervilhas!

A fechar… viram a diferença quando se joga? Quem não percebeu, pode recuperar a conclusão do meu último artigo.

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Nuno Campilho
João Diogo Manteigas

12 Nov 2024 | 06:00

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Corte a ... Direito: Exigem-se Respostas

Excelente lição dada no domingo passado. Estão de parabéns jogadores, treinador, staff e os dirigentes diretamente ligados à principal equipa de futebol do Sport Lisboa e Benfica.

Nuno Campilho
Tiago Godinho

09 Nov 2024 | 11:48

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A culpa é das árvores?

Podemos continuar a exigir de treinadores, jogadores e de nós próprios, mas se não formos intransigentes com aqueles que lideram os recursos ao dispor do Benfica, vamos continuar a cortar as árvores.

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João Diogo Manteigas
João Diogo Manteigas

Corte a ... Direito: Exigem-se Respostas

Excelente lição dada no domingo passado. Estão de parabéns jogadores, treinador, staff e os dirigentes diretamente ligados à principal equipa de futebol do Sport Lisboa e Benfica.

12 Nov 2024 | 06:00

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Tiago Godinho
Tiago Godinho

A culpa é das árvores?

Podemos continuar a exigir de treinadores, jogadores e de nós próprios, mas se não formos intransigentes com aqueles que lideram os recursos ao dispor do Benfica, vamos continuar a cortar as árvores.

09 Nov 2024 | 11:48

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