Bruno Prata, jornalista, num artigo de opinião publicado no jornal Record, comentou as táticas utilizadas de Bruno Lage frente ao Atlético Madrid e o impacto que o treinador português teve no Benfica, acabando a deixar uma 'bicada' a Roger Schmidt, antigo timoneiro das águias.
"A exibição e a goleada aplicada ao feio (mas normalmente fiável) At. Madrid não exprimiu apenas a melhor noite europeia do Benfica nas últimas décadas. Porque serviu também de comprovativo à sagacidade estratégica de Bruno Lage e de competência à sua equipa de analistas que estudou o adversário. O 3x3x4 com bola (em que a surpresa maior foi a colocação de Carreras como central pela esquerda, enquanto Bah se projetava pelo lado contrário e Di María ocupava a zona central nas proximidades de Pavlidis) confundiu Simeone, que também não soube lidar com o 4x4x2 defensivo que logo passava a 5x3x2 quando Aktürkoglu fechava como lateral", começou por dizer.
"Mas mais importante do que descobrir se o Benfica fez mesmo a exibição europeia do século, é analisar se esta solução será, no futuro, boa para funcionar como plano B ou se se pode transformar mesmo em plano A. Porque o que vimos foi um Benfica mais equilibrado, a defender melhor e a atacar de forma mais competente. E com Di María nas suas sete quintas, sem ter de baixar… Seja qual for a decisão, esta nova solução vai sempre criar incerteza aos adversários (principalmente aos mais fortes), que se tinham habituado ao arroz com feijão (muitas vezes requentado) com Schmidt…", continuou Bruno Prata.
"Tirou o Benfica e o próprio Rui Costa do atoleiro"
"Bruno Lage tirou o Benfica e o próprio Rui Costa do atoleiro construído em torno de Roger Schmidt (o alemão não era o único culpado, como agora se tenta impingir, mas pagava por isso). E conseguiu-o num estalar de dedos. Usando o seu divã psicanalista, conseguiu convencer os jogadores de que é difícil sobreviver entre os melhores da alta competição sem voracidade e alegria nas chuteiras. Ao mesmo tempo, colocou-os onde se sentem mais aconchegados (o 4x3x3 permite até disfarçar os limites de Florentino na construção). Com isso, conseguiu transformar uma equipa burocrática e emaranhada em vícios numa formação que sai para o campo em estado de excitação e com um gregarismo que não tinha", continuou.
"O Benfica, que voltou a saber definir zonas e timings de pressão, ganhou em equilíbrio e até já consegue disfarçar a falta de apetência de Di María para as ajudas defensivas. Kökçü voltou a ser olhado como o craque que nunca deixou de ser, Carreras já é mais do que um lateral com a casca de ovo na cabeça e Aursnes é novamente nuclear e a extensão do treinador em campo. Mas Lage recebeu a equipa com cinco pontos de atraso e essa é uma realidade que pode vir a funcionar como um enorme cisma", concluiu o jornalista, mostrando o aumento de rendimento de vários jogadores após a mudança de treinador.
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