Presidente do Fenerbahçe questionada chegada de José Mourinho ao Benfica: "Estranha coincidência"

João Noronha Lopes voltou a afirmar que trabalhará com o treinador que estiver em funções no Benfica, caso ganhe as eleições do Clube da Luz, marcadas para o próximo dia 25 de outubro. O candidato à Presidência do emblema encarnado concedeu uma entrevista à SIC, esta terça-feira, 17 de setembro, no seguimento do despedimento de Bruno Lage do comando técnico das águias.

"Serei presidente a 26 de outubro com sentido de responsabilidade para defender os interesses do Benfica. Quem for o treinador do Benfica será o meu treinador, com o meu projeto, a quem eu vou criar condições para ganhar. Já basta da instabilidade que é criada pela própria Direção. Comigo os benfiquistas podem contar com sentido de responsabilidade e bom senso", começou por explicar João Noronha Lopes.

O candidato à Presidência do Benfica acrescentou, ainda, o seguinte, antes de responder a algumas questões: "Relativamente àquilo que aconteceu, acaba por ser o corolário daquilo que tem sido a má gestão de Rui Costa. Rui Costa é um Presidente que não sabe ganhar, que não sabe gerir e que não sabe defender o Benfica. Esta direção é a direção de um em quatro. Ganhou um campeonato em quatro anos, apresentou um ano de resultados positivos em quatro e no meio disto tudo tem sido de uma enorme incompetência na gestão do futebol. Nós tivemos cinco treinadores em quatro anos. O Benfica é um carrossel de treinadores e jogadores. Sem resultados as saídas dos treinadores são inevitáveis".

E se for José Mourinho o próximo treinador: "Ninguém coloca em causa a sua qualidade, vou trabalhar com ele se ele for o treinador do Benfica".

Teme que seja um trunfo para Rui Costa?: "Não é isso que me preocupa. O que me preocupa neste momento é criar todas as condições para que o Benfica ganhe e chegar ao dia 25 de Outubro, ganhar estas eleições e não prolongar mais aquilo que tem sido 20 anos de um pesadelo. Os benfitistas têm uma oportunidade única ao fim de 20 anos de mudar definitivamente, de virar a página. E não podem ser as pessoas que lá estão há 20 anos que vão virar a página".

Teria tomado a mesma decisão?: "Teria tido um projeto, Rui Costa é um desgoverno. A saída era inevitável pelas exibições e perder com o 7.º classificado do Azerbaijão não é aceitável, por isso não fiquei surpreendido. O meu projeto é de estabilidade, ambição e competência, com as pessoas certas, no lugar certo e com uma ideia de longo prazo. O problema não está nos que saem, mas sim nos que ficam, entre os quais Rui Costa, são aqueles que estão na origem dos problemas".

Ruben Amorim está descartado?: "Vou trabalhar com aquele que for o treinador no dia 26. E como eu vou ser presidente, há que ter sentido de responsabilidade e procurar criar as condições para o Benfica ganhar. Agora, quando me diz o que é que eu faria, aquilo que eu faria é ter um projeto desportivo, que é aquilo que não existe. Já apresentei o meu projeto desportivo aos sócios do Benfica, fui o único candidato que apresentei um projeto desportivo. Com as pessoas, com a organização, com a filosofia, com nomes. Porque as pessoas têm que ter a coragem de apresentar os projetos e as pessoas que estão comigo também têm a coragem de dar a cara. O que estou a fazer há vários meses é trabalhar num projeto desportivo, num projeto financeiro, num projeto de marketing, num projeto associativo para nós nos aproximarmos dos sócios. E aquilo que eu quero assegurar aos sócios do Benfica é que nós vamos ter uma mudança, mas com confiança. O Benfica não pode ter nem aventureiros, nem amadores."

Em relação a Bernardo Silva: "Tenho um contrato para apresentar ao Bernardo Silva. É um grande jogador, é um dos melhores médios de futebol mundial. Mas, além disso, é alguém que traz com ele a mística, a entrega, a garra. E é um Benfiquista como nós, que sofre como nós e que vive o Benfica como nós. E, portanto, será sempre alguém que simboliza aquilo que os Benfiquistas gostam de ver nos jogadores de futebol".

Terminou, voltando a reafirmar o seu plano para o futuro do Clube: "Eu já apresentei o meu projeto desportivo, que é um projeto longo e que assenta em três ideias. Estabilidade: não podemos estar a mudar de treinadores todos os anos. Competência e organização: todas as pessoas naquela estrutura sabem o que é que vão fazer. O Nuno Gomes, o Vítor Paneira, o Pedro Ferreira, que é o meu diretor-geral e que vai chegar do Nottingham Forest, todos sabem aquilo que vão fazer. Todos são complementares entre eles. E todos já estão a falar há algum tempo. Portanto, as pessoas não caem de paraquedas. Foi eu que as escolhi e sou eu que estou a trabalhar em conjunto com elas. Uma aposta na formação: porque tanto como ganhar títulos na formação, é importante perceber quantos jogadores da formação é que nós conseguimos reter e quantos é que podem vir para a equipa principal. E um scouting inteligente que nos permita ir buscar jogadores muito mais cedo e, eventualmente, em muito melhores condições do que tem acontecido. E, portanto, é sob estes três pilares que vai ser construído o meu projeto de futebol e é em cima destes pilares que o Benfica vai continuar. Tem de ter uma cultura vencedora, que é aquilo que não tem".

A derrota do Benfica frente ao Qarabag em pleno Estádio da Luz por 3-2, a contar para a Liga dos Campeões, foi a gota de água na relação dos encarnados com Bruno Lage. Horas depois do desaire, Rui Costa anunciava a saída do português do comando técnico das águias, que aceitou a decisão com algumas desconfianças. 

Isto porque, segundo o Canal Now, Bruno Lage sai do Benfica com a suspeita de que o diretor-geral dos encarnados, Mário Branco, já se encontrava em conversas com José Mourinho antes da derrota que ditou o fim do vínculo entre o treinador e o Clube. 

Para além disso, Bruno Lage responsabiliza ainda Mário Branco pelo encontro do Benfica frente ao Santa Clara, que resultou num empate, ter sido disputado na sexta-feira, dia 12 de setembro, ao invés de sábado. Devido a essa falha, o agora antigo técnico das águias ficou bastante limitado na preparação para esse encontro, tendo em conta que a maioria dos seus jogadores regressaram da pausa internacional um ou dois dias antes do embate. 

A suspeita de Bruno Lage em relação à possibilidade de Mário Branco ter estado em conversas com José Mourinho ainda antes da derrota na Liga dos Campeões não vem ao acaso, tendo em conta que o diretor-geral do Benfica e o Special One trabalharam juntos no Fenerbahçe.  

Segundo indica Fabrizio Romano, o Benfica já estará em conversações avançadas com José Mourinho, de forma a garantir o luso como novo técnico do Clube da Luz. Sabe-se ainda, através de informações avançadas pelo jornal Observador, que o português estará disponível para assinar um vínculo válido apenas até ao fim da presente temporada. 

Martim Mayer deixou uma mensagem arrasadora para Rui Costa, num texto partilhado através dos canais oficiais da sua campanha, intitulado "Special one só há um, o Sport Lisboa e Benfica". A comunicação prende-se com a decisão de despedir Bruno Lage, e critica o planeamento do atual Presidente encarnado.

Martim Mayer: "Chega desta mediocridade. Chega desta cultura de derrotas. Chega deste Benfica sem rumo"

"Chega desta mediocridade. Chega desta cultura de derrotas. Chega deste Benfica sem rumo. A inevitável decisão de despedir Bruno Lage peca por tardia. Já o tinha afirmado a 9 de julho, quando questionado pela Comunicação Social no evento de apresentação da minha candidatura", começou por escrever Martim Mayer.

O candidato prosseguiu, sem esquecer que já tinha avisado para esta situação: "Infelizmente o tempo deu-me razão. Era uma decisão tão óbvia que é lamentável que apenas Rui Costa não a tenha percebido. Se dúvidas restassem, o Presidente do Benfica limita-se apenas a reagir em vez de planear".

"Mas o problema do Benfica é estrutural, é muito mais profundo do que o treinador, que não é mais do que um cuidado paliativo. Estamos a pouco mais de um mês das eleições e o que se pede a Rui Costa é responsabilidade. Faltam sete jogos até às eleições e temos de os ganhar. Tem de encontrar a melhor solução, que não só sirva para garantir as vitórias de que precisamos, mas também que considere que o futuro presidente do Benfica poderá ter outras escolhas e não se veja, assim, obrigado a ter de pagar cláusulas indemnizatórias", alertou, de seguida, Martim Mayer.

O adepto das águias terminou, com palavras também para João Noronha Lopes: "É também importante perceber o papel que os diferentes candidatos têm neste processo, porque lançar rumores de nomes de reforços, e de hipotéticos treinadores, tirando fotografias na bancada de um jogo da Premier League com fins unicamente eleitoralistas é, sem dúvida, prejudicar os interesses do Sport Lisboa e Benfica. Desta forma, cria-se uma enorme instabilidade no plantel e na Estrutura.Pelo que percebemos o que importa é a sede de poder e isso é inaceitável, não se defendendo assim os interesses do nosso Benfica. Haja coerência entre o que se diz e o que se pratica".