Nuno Campilho
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10 Set 2025 | 18:13

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Nuno Campilho

Conhecido comentador e adepto do Benfica 'aplaude' exercício positivo obtido pela SAD dos vermelhos e brancos, mas recorda que ainda há muito por fazer


O exercício de 2024/25 marca um ponto de viragem na trajetória económico-financeira da Benfica SAD. O resultado líquido positivo de 34,4 milhões de euros representa não apenas uma inversão face ao prejuízo do ano anterior, mas também o melhor desempenho do mandato em curso


São 34,4 milhões de euros de lucro, após anos de resultados oscilantes e um resultado negativo preocupante apresentado no exercício anterior.


Mas, atenção, há que manter o foco na recuperação e ir além da celebração dos números, pois se tal não se vier a revelar, no futuro, como algo a consolidar para garantir a robusta sustentabilidade económico-financeira do clube, estes números nunca passarão disso… números.

Até porque temos de ser claros, a Benfica SAD voltou a apresentar resultados positivos graças a três fatores conjunturais (extraordinários, irrepetíveis, como queiram) – vendas de jogadores em alta, participação no Mundial de Clubes e boa performance na Liga dos Campeões. Sem estas três alavancas o exercício teria outro desfecho, embora, ainda assim, positivo, o que não deixe de ser um bom sinal para o “tal” futuro, mas, já lá vamos.

Pela primeira vez em sete anos, os resultados operacionais (sem a venda de jogadores) fecharam no positivo. É o referido (bom) sinal de que o modelo de negócio pode caminhar para uma maior autonomia face ao mercado de transferências, sendo que o primeiro grande desafio será manter esse desígnio.

Importa, neste ponto, voltarmos a ser claros. O peso esmagador dos direitos televisivos (tema tão em voga, como todos sabemos, antecipando-se alterações que duvido que alguém consiga… antecipar) e da Liga dos Campeões, continuam a demonstrar a vulnerabilidade e a ocasionalidade do modelo. Mais um grande desafio a juntar ao anterior.

Do lado do balanço, ainda assim, a redução da dívida líquida e a recuperação dos capitais próprios são méritos inegáveis. Num setor (e, quiçá, num clube) habituado a financiar o presente hipotecando o futuro, o Benfica mostra, com este fecho de contas, uma solidez rara e até invejável a nível nacional. Sobre isso, não tenhamos a menor dúvida. Outras poderemos ter, mas, esta, não.

Para que o desafio do equilíbrio do mercado de transferências mantenha a bitola daquele que ora terminou, aportando valor positivo para os resultados operacionais, convém ter a noção que o Benfica tem conseguido vender os seus ativos desportivos (jogadores) em alta. Como esta circunstância é sempre uma incógnita, torna-se por demais imprescindível apostar num modelo que tenha por base um processo contínuo de regeneração do plantel.

A súmula dos grandes desafios futuros não pode estar sustentada, precariamente, num ano de bonança, mas em provar consistência quando os ventos não sopram a favor. É por isso que eu não me canso de repetir: consolidação… sustentabilidade.

A meta dos 500 milhões de euros em receitas é ambiciosa e, por alguns, poderá ser considerada irrealista, no entanto, para além de ser fulcral o estabelecimento de um objetivo, permitam-me assumir que o mesmo se sustenta em perspetivas reais e exequíveis, como são, por exemplo, a aquisição de ações próprias (o que se pode vir a revelar, num futuro não tão longínquo, como um excelente investimento, em função da sua notória sobrevalorização); a negociação dos direitos televisivos (os dois anos que medeiam até à centralização já foram negociados e aportarão mais valor); o naming do estádio; e o aumento, já verificado, de 5% da lotação do estádio e o continuado alargamento em duas fases posteriores, que garantirão 70 mil lugares numa primeira fase, e 80 mil lugares numa derradeira fase, coincidente com a concretização do Benfica District, projeto recentemente apresentado.

Estas premissas que eu reforço, de entre outras, devem garantir uma diversificação real das fontes de rendimento, que torne o Benfica menos dependente do talento que exporta e mais sustentado no valor que cria.

Se a isto somarmos a redução do Passivo, o aumento dos Capitais Próprios (que, ao fim de algum tempo em sentido inverso, superam o valor do Capital Social) e a redução do rácio da dívida líquida/rendimento (EBITDA) em mais de 20%, o que aumenta, exponencialmente, a capacidade de gerar mais receita, o exercício de 2024/25 confirma a retoma financeira e dá confiança no curto prazo. Este rácio é, agora, de 56,6%, ou seja, a dívida é 0,6x o EBITDA, sendo que o que é considerado saudável, para uma SAD, é esse valor ser 2x o EBITDA, ou seja, 200%. Sendo este um dos principais indicadores usados para avaliar a alavancagem financeira de uma empresa, porque mede quantos anos de EBITDA seriam necessários para pagar a dívida líquida (neste caso, 7 meses, se assumíssemos que 100% do EBITDA seria usado para esse fim), julgo que não é preciso dizer mais nada.

Mas o verdadeiro teste será o de sempre no futebol português e, ainda mais, no Benfica: transformar conjunturas felizes em estruturas sólidas.

Só aí se verá se este é apenas um bom ano ou o início de uma nova era de estabilidade… consolidação… e sustentabilidade.

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Nuno Campilho
Nuno Campilho

10 Set 2025 | 18:13

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Vamos a contas…

Conhecido comentador e adepto do Benfica 'aplaude' exercício positivo obtido pela SAD dos vermelhos e brancos, mas recorda que ainda há muito por fazer

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Nuno Campilho
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