Pedro Jerónimo
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20 Set 2025 | 23:53

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Pedro Jerónimo

Águias venceram o AFS (3-0) com golos de Georgiy Sudakov, Vangelis Pavlidis e Franjo Ivanovic na estreia do 'Special One' no comando técnico


Estreia no banco encarnado ba Vila das Aves, José Mourinho, à sexta jornada, inicia a sua segunda parte da história no Benfica, esperando elevar o futebol dos encarnados a outro nível e desejoso de mostrar que o Special One ainda está bem vivo.


Não eram esperadas grandes alterações, até como anunciado pelo Mister na sua apresentação. As alterações a realizar seriam, essencialmente, no cômputo mental. O adversário era o atual lanterna vermelha, ainda sem treinador, depois da saída de José Mota, na teoria, seria a equipa ideal a defrontar, mas restava à equipa liderada por José Mourinho dar a prova cabal em campo.


Saíam os onzes escolhidos por Mourinho e colocava a carne toda no assador: saía Schelderup e entrava mais um avançado, Ivanovic. Mourinho queria passar a mensagem que vinha para jogar ao ataque e esperava-se muita agressividade no ataque à bola, na pressão imediata ao portador. Muita expetativa para os adeptos perceberem que tipo de Benfica surgiria, que intensidade seria imposta em campo, que nível de pressão, ao portador, seria exigida aos jogadores.

Início do jogo e pouco passava do primeiro minuto e vem a primeira boa oportunidade para Ivanovic, lançado na direita por Sudakov, remata cruzado rasteiro, mas ao lado do poste direito. Cedo se começou a perceber algumas alterações posicionais, desde Sudakov, sem bola, a descair para o lado direito e Ivanovic, em situação de ataque, como a aposta para a profundidade e a ser o ponta de lança mais destacado na frente. 

A minha grande dúvida era se o sucessivo atropelo posicional de Enzo e Ríos, iria ter fim, pois na era Lage, sistematicamente os dois surgiam como duplos pivots e criavam sérias dificuldades na ligação do jogo. Ríos já surgia mais à frente, mas ainda parecia, nos primeiros minutos, completamente tapado e com dificuldades para pegar no esférico. 

Depois de cincominutos de maior impetuosidade encarnada, o AFS chega à área dos comandados de Mourinho, com vários cantos a favor, sem nada de relevante a acontecer na sequência destes. Confirmava-se a maior agressividade e a pressão logo à saída do adversário, mas tanta projeção estava a gerar um fosso na zona central do meio campo e era necessário corrigir o posicionamento e o AFS já se tinha apercebido dessa fragilidade. 

20 minutos e, como expectável, não era um Benfica em modo de rolo compressor e a dominar em todas as vertentes, aliás, continuavam bem evidentes as dificuldades na ligação aos homens mais avançados, geral era sempre com bolas altas para a profundidade de Ivanovic.

Nos corredores notava-se a necessidade de tentar explorar os avanços de Dahl e Dedic, mas raramente surgiam para criar vantagem numérica e desequilibrar a defesa. Benfica com um remate apenas, ou seja, mantinha-se o défice de criação de lances para golo, muito por culpa, na minha opinião, na falta de desequilíbrios nos corredores e a concentração do jogo no corredor central. 

AFS aos 23 minutos chega com perigo à baliza de Trubin, mas o ala chega atrasado. Os tais "suores frios" que surgiam por ausência de capacidade para estancar contra ofensivas do adversário, era outro calcanhar de Aquiles deste Benfica. Existem muitos traumas, muitas rotinas negativas a contrariar e que irão demorar o seu tempo a remover do estilo de jogo.

Outro dogma já instituído nesta equipa, é a falta de criação de linhas de passe, especialmente no processo de saída e daí Enzo e Ríos se "sabotarem" um ao outro, porque ambos querem construir e ao invés de trabalharem um com o outro, estão a querer ambos iniciar o processo de construção e, neste caso, o Benfica parte para a ofensiva coxo, com menos um. Ríos, aliás, tem sido gritante a falta de demonstração de qualidade e da qual viria altamente referenciado. Incapaz de ser aquele "carregador de piano", o homem da primeira fase de construção, mas também o que participa, até ao fim da jogada. 

Finalmente aos 32 minutos um vislumbre de um lance perigoso, novamente com Ivanovic lançado pela direita, contorna o guarda redes, contudo o defesa corta o esférico, quando o mesmo se encaminhava para o fundo das redes. Jogo já a terminar o primeiro tempo e foi o AFS que teve uma grande oportunidade aos 40 minutos, com o jogador avense a acertar, em remate frontal, no ferro esquerdo de Trubin e deixava evidente que a equipa encarnada era um conjunto tímido, monótono, com fragilidades em gerar vantagem numérica e fluidez, nos seus vários setores e capacidade em criar lances de perigo na baliza contrária.

Chegou a felicidade mesmo em cima do apito para o intervalo, depois de alguns ressaltos dentro da grande área, Sudakov aproveita o ressalto e fuzila o guardião avense e coloca a sua equipa em vantagem na partida, com o árbitro a apitar, de seguida, para o intervalo. Pouco mais haveria a dizer, a não ser reiterar que é um Benfica muito refém do modelo de Lage e que tem enormes dificuldades em fluir jogo com pragmatismo e em chegar na frente com perigo.

Já o referi, inúmeras vezes: este plantel carece de extremos de qualidade, capazes de provocar desequilíbrios, deixando a equipa refém da centralização de jogo pelo meio. Espero, com toda a honestidade, não ver Mourinho a desenvolver o modelo de losango no meio campo, pois sou da opinião de ser uma tática demasiadamente conservadora e passiva, para quem quer jogar sempre com o pé no acelerador e que fica refém do que os laterais podem fazer no cômputo atacante e apenas Dedic terá, neste caso, algo a dizer.

Sudakov era o elemento em melhor destaque e aos 55 minutos, é servido por Ríos, descaído para a esquerda e remata em arco para uma excelente defesa do guarda redes contrário. 59 minutos e grande penalidade a castigar falta sobre Otamendi, aproveitando Pavlidis para aumentar a vantagem das águias e a sua conta no campeonato para três golos.

Vinha agora outro teste, o do Benfica passivo após chegar a uma vantagem mais confortável, exemplos disso eram os dois últimos jogos das águias, frente a Santa Clara e Qarabag. Que gestão do jogo, que gestão da intensidade e da bola iriam ser feitas? Benfica permissivo à posse de bola? Mais dúvidas para desfazer, mas aqui era a componente mental de Mourinho que tinha de entrar e passar a ser pilar da personalidade da equipa. 

64 minutos e parecia que a equipa dava a resposta: Pavlidis lançado no corredor esquerdo, pica para Ivanovic que disparou, já próximo da pequena área, para o terceiro dos visitantes. Era caso para afirmar que parecia decidido o jogo e que este Benfica do segundo tempo parecia diferente, pelo menos ao nível da aproximação de linhas e no seu processo de construção e em muito contribuiu o crescimento de Rios e a sua mobilidade, surgindo à direita, meio e esquerda e, muito importante, com e sem bola. 

As águias não baixavam a intensidade e continuavam a criar perigo na área dos visitados e aos 68 minutos era novamente Pavlidis a permitir uma boa defesa ao guardião adversário.  71 minutos e as primeiras substituições na era Mourinho, saindo Ivanovic e Enzo, entrando Schelderup e Barreiro. Tentava abrir mais o jogo nas laterais, ao mesmo tempo que refrescava a zona central e de forma a manter os índices de agressividade de pressão ao portador, pois nem com 3 golos baixava a pressão. 

Benfica desde os 40 minutos de jogo, até então, passou de 4 remates apenas, para 17, o que representa um aumento tremendo na forma de jogar da equipa e, reiterando, o segredo estará em conceder mais liberdade posicional e na criação a Ríos e não tanto a Enzo, pois o argentino é mais um derivador de flanco e isso vê-se na maior parte do seu tipo de passes, no que o chamado carregador de piano e é disso que este Benfica precisa, alguém que carregue e leve o esférico controlado aos homens da frente.

81 minutos e saía Dedic. Para dar lugar a Tomás Araújo na direita e poupava o bósnio que vinha de uma recuperação de lesão.  António Silva parece ter perdido a confiança novamente e comete muitos erros, essencialmente na forma displicente com que aborda alguns lances, como exemplo o do minuto 83, onde falha uma intercepção, fácil, do esférico e com a sorte do avançado não conseguir captar o mesmo.

86 minutos e últimas substituições de Mourinho, com um ótimo sinal, diga-se: João Rego voltava às opções do plantel, depois do que aparentava ter sido uma afastamento por Bruno Lage, eis que o médio atacante regressa e bem merece pelo talento que tem, saído Aursnes e também Sudakov, com Prestianni a assumir o seu lugar. Mourinho dava tempo aos "miúdos" para se mostrarem e confirmarem que são opções válidas. 

Entrava o jogo na sua fase de baixa de intensidade e gestão física pelo Benfica, agora sim, quando faltavam cerca de cinco minutos para o seu fim, especialmente sabendo que dentro de 4 dias novo jogo esperava as águias com o Rio Ave, no jogo em atraso do campeonato.

Terminava, pouco depois a partida, com um resultado de 3 golos a zero, com exibição contundente, especialmente no segundo tempo, onde a equipa aparentou estar mais solta, muito por culpa do colombiano que pegou na batuta e soube construir jogo, atribuindo-lhe o prémio de melhor em campo, a par do grego Pavlidis, mais uma vez, um evidente trabalhador nato para o coletivo. Notas positivas também para Ivanovic, embora ainda muito perdulário, bem como Sudakov, no qual se vislumbra que pode ser aquele jogador de último terço capaz de decidir lances e até jogos, com pormenores técnicos, assistências e outras valências importantes.

Embora seja uma equipa ainda refém do fantasma do modelo lageano, demonstrou personalidade, especialmente, nos segundos 45 minutos e, reforçando a valorização individual dos jogadores, como atribuindo a Rios a construção de jogo, permitindo a Sudakov total liberdade no último terço e afinar a parceria Pavlidis e Ivanovic, pode ser um caso sério ofensivo, mas isto demorará o seu tempo e o jogo de terça é mais uma chance de melhoria desses capítulos. Mourinho demonstrava felicidade no banco, os jogadores mostravam outra alma e aproveitam a oportunidade de se relançarem enquanto equipa.

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