Se dúvidas havia, o Benfica do presidente que no passado geria com mestria a bola no relvado, não tem, nem nunca teve, um projeto ou um rumo.

Comecemos pelo início: Bruno Lage era um treinador interino desde o primeiro dia. O destino de escolha de recurso de Rui Costa estava já definido no dia daquela desastrosa conferência de imprensa de apresentação, em que saltou cadeiras para cumprimentar os jornalistas na esperança de cair nas suas boas graças, enquanto Rui Costa não disfarçava o seu nervosismo e constrangimento.

A segunda passagem de Lage pelo banco do Glorioso ficou marcada por muitos altos e baixos, exibições a roçar a perfeição seguidas de outras medíocres, e uma relação sempre tensa e pouco empática com os adeptos, apesar dos seus indisfarçáveis muitos esforços para os conquistar.

Não tenho dúvidas que Lage deu tudo o que tinha e sabia para ter sucesso, mas foi evidente a falta de sintonia com a direção que tanto se esforçou por defender. Por sua vez, tanto a direção como o invisível Pedro Pinto, nunca lhe retribuíram o gesto de solidariedade, coerentes com o que antes já haviam feito com Roger Schmidt.

Depois de cumpridos os difíceis objetivos de início de época, após duas vergonhosas exibições e resultados, Lage soçobrou e abriu a porta que Rui Costa esperava há meses. Assim, menos de um ano depois, Rui Costa volta a despedir um treinador a quem, segundo o próprio, ofereceu no mercado de verão tudo o que ele tinha pedido. Se dúvidas havia, o Benfica do presidente que no passado geria com mestria a bola no relvado, não tem, nem nunca teve, um projeto ou um rumo.

Perante a ameaça da eleição de 25 de Outubro, desta vez Rui Costa lançou a mão a uma última tábua de salvação e agarrou-se ao técnico português mais titulado de todos os tempos. Uma tábua grande e extremamente cara, que lhe pode valer uma reeleição que, para muitos, não merece.

Mas se Rui Costa pensa que esta tábua não tem preço para além do avantajado ordenado do técnico bicampeão europeu, está redondamente enganado. Ao contrário de Lage, Mourinho é um mestre da comunicação e, se apertado por resultados menos positivos, não hesitará em colocar um peso no pé do presidente do Benfica e levá-lo ao fundo, sem possibilidade de se agarrar a mais tábua nenhuma.

Mourinho não é apenas uma tábua de salvação: é a última oportunidade de Rui Costa. O seu sucesso ou insucesso marcará o destino do outrora Maestro, seja daqui a um mês ou um ano. Dito tudo isto, desejo o maior sucesso possível a José Mourinho. O seu sucesso será o nosso. Que junte aos seus 26 troféus, muitos mais de águia ao peito. Com este ou com qualquer outro presidente que o dia 25 de outubro determinar. Viva o Benfica!